ATA DA QUADRAGÉSIMA OITAVA
SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA
LEGISLATURA, EM 15.06.1998.
Aos quinze dias do mês de
junho do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio
Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze
horas foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell,
Cláudio Sebenelo, Fernando Záchia, Guilherme Barbosa, Isaac Ainhorn, João Dib,
José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila,
Paulo Brum e Cassiá Carpes. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores
Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Carlos Garcia, Clênia Maranhão, Clovis
Ilgenfritz, Elói Guimarães, Gerson Almeida, Hélio Corbellini, Henrique Fontana,
Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol e Renato Guimarães. Constatada
a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os
trabalhos. Na ocasião, face à inexistência de "quorum" deliberativo,
deixaram de ser votadas as Atas da Quadragésima Quarta Sessão Ordinária e da
Décima Sétima e da Décima Oitava Sessões Solenes. À MESA foram encaminhados:
pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, a Emenda nº 01 ao Projeto de Resolução nº
27/98 (Processo nº 1899/98); pelo Vereador Elói Guimarães, o Projeto de Lei do
Legislativo nº 88/98 (Processo nº 1861/98); pelo Vereador Luiz Braz, a Emenda
nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 79/98 (Processo nº 1690/98); pelo
Vereador João Dib, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Pedro Ruas, o Projeto
de Lei do Legislativo nº 85/98 (Processo nº 1854/98); pela Vereadora Maria do
Rosário, a Emenda nº 02 ao Projeto de Resolução nº 2798 (Processo nº 1899/98).
Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 250 e 251/98, do Senhor Prefeito Municipal
de Porto Alegre; 01/98, do Vereador João Dib, Presidente da Comissão Externa
constituída com o objetivo de acompanhar e participar das tratativas de
dissídio coletivo dos funcionários dos Poderes Executivo e Legislativo do
Município de Porto Alegre; 74, 75 e 78/98, do Senhor Cézar Busatto, Deputado
Estadual/RS; 81, 90 e 91/98, do Senhor Paulo Vidal, Deputado Estadual/RS; 112 e
132/98, do Senhor João Carlos Vasconcellos, Diretor-Presidente da Empresa
Portoalegrense de Turismo S.A. - EPATUR; 196/98, do Senhor Wilson Guarany,
Vice-Presidente do Tribunal de Justiça/SC; 299, 304 e 305/98, do Senhor Martim
Saraiva Barboza, do Gabinete do Vice-Governador do Estado/RS; 319/98, do Senhor
Ricardo Teixeira do Valle Pereira, Juiz Federal Diretor do Foro do Estado de
Santa Catarina; 417 e 437/98, do Desembargador Cacildo de Andrade Xavier,
Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul; 465/98, do
Senhor Renato Seghesio, Presidente do Conselho Regional do Serviço Social do
Comércio - SESC/RS; 509/98, do Senhor Clóvis José Formolo, do Gabinete da
Presidência da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; 525/98,
do Senhor Luiz Carlos Levenzon, Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil -
OAB/RS; 529/98, do Senhor Valmir Martins Batista, Presidente da Ordem dos
Advogados do Brasil - OAB/RS; 722/98, do Senhor Dilton Carlos Eduardo França,
Procurador Regional da República no Estado do Paraná; 1938, 1940, 1942, 1944,
1946, 1948, 1950, 1952, 1956 e 1958/98, do Senhor Gilberto Mussi, Chefe da Casa
Civil Adjunto do Estado/RS; s/nº, do Senhor João Gilberto Lucas Coelho,
Secretário Extraordinário para Assuntos da Metade Sul do Estado/RS; s/nº, do
Deputado Federal Jair Soares; s/nº, da Senhora Anelise Becker, Procuradora da
República; Telegramas do Ministro Carlos Velloso, Vice-Presidente do Supremo
Tribunal Federal; do Senhor Salvio de Figueiredo Teixeira; dos Ministros Bueno
de Souza, Adhemar Ferreira Maciel, Evandro Gueiros Leite e Humberto Gomes de
Barros, do Superior Tribunal de Justiça; do Senhor Bernardo de Souza, Deputado
Estadual/RS; do Senhor Osmar Tognolo, Juiz do Tribunal Regional Federal da 1ª
Região; do Senhor Antônio Claret de Rezende, do Gabinete da Vice-Governadora do
Estado do Paraná; do Senhor Flávio Vaz Netto, Secretário dos Transportes do
Estado/RS; do Senhor Antônio Britto, Governador do Estado do Rio Grande do Sul.
A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, à Senhora
Jane Maria de Moraes Branco, Presidenta da Associação dos Amigos da 24 de Maio
e Adjacências, e ao Arquiteto Fernando Fuão, que discorreram sobre a situação
arquitetônica observada na Rua 24 de Maio, procedendo à apresentação de projeto
destinado à remodelação e revitalização do local. Na oportunidade, o Vereador
Adeli Sell formulou Requerimento verbal, solicitando fossem enviadas cópias dos
pronunciamentos do Arquiteto Fernando Fuão e da Senhora Jane Maria de Moraes
Branco aos Senhores Prefeito e Vice-Prefeito Municipal de Porto Alegre, bem
como ao Comando de Policiamento da Capital, tendo o Senhor Presidente
determinado que tal solicitação fosse formalizada por escrito. Também, a
Vereadora Anamaria Negroni formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor
Presidente, solicitando fossem distribuídas aos Senhores Vereadores cópias dos
pronunciamentos efetuados em Tribuna Popular. Após, o Arquiteto Fernando Fuão
procedeu à exibição de "slides" ilustrativos dos problemas atualmente
verificados na Rua 24 de Maio, tendo Sua Senhoria, durante a projeção dos
"slides", procedido a análises das imagens apresentadas. Às quatorze
horas e trinta e três minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos,
sendo retomados às quatorze horas e trinta e cinco minutos, constatada a
existência de "quorum". Após, face às solicitações dos Vereadores
Guilherme Barbosa e Hélio Corbellini, foi realizado um minuto de silêncio em
memória do Arquiteto Lúcio Costa, falecido ontem, e dos Senhores Valter
Oliveira de Matos e Olsneir Neri Silveira, falecidos, respectivamente, nos dias
treze e quinze de junho do corrente. A seguir, o Senhor Presidente registrou a
presença do Senhor Riopardense de Macedo e dos Arquitetos Cláudio Ferraro e
Maria de Fátima Guterres. Em PAUTA ESPECIAL, Discussão Preliminar, esteve, em
5ª Sessão, o Projeto de Lei do Executivo nº 17/98, discutido pelos Vereadores Adeli
Sell, Guilherme Barbosa, Maria do Rosário e Gerson Almeida. Na oportunidade,
foi apregoado Requerimento do Vereador Adeli Sell, formulado anteriormente de
forma verbal, solicitando fossem enviadas cópias dos pronunciamentos do
Arquiteto Fernando Fuão e da Senhora Jane Maria de Moraes Branco, proferidos
durante a Tribuna Popular de hoje, aos Senhores Prefeito e Vice-Prefeito
Municipal de Porto Alegre, bem como ao Comando de Policiamento da Capital,
requerimento este deferido pelo Senhor Presidente. Também, foi apregoado
Requerimento da Vereadora Maria do Rosário, solicitando, nos termos do § 6º do
artigo 218 do Regimento, Licença para Tratamento de Saúde para o Vereador Décio
Schauren, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na Vereança
o Suplente Cyro Martini, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de
Urbanização, Transportes e Habitação. Após, foi apregoado Requerimento do
Vereador Antônio Losada, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, para o
dia de hoje. Ainda, foram apregoadas as Emendas nºs 10 e 11, de autoria da
Vereadora Clênia Maranhão, apostas ao Projeto de Lei do Executivo nº 17/98
(Processo nº 1798/98). Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib, ao
reportar-se à discussão do Projeto de Lei do Executivo nº 17/98, em Pauta
Especial, teceu críticas ao Partido dos Trabalhadores e referiu-se aos gastos
com publicidade efetuados pelo Executivo Municipal. A seguir, o Vereador Gerson
Almeida formulou Requerimento verbal, solicitando representação da Casa em ato público
contra a privatização da Companhia Riograndense de Telecomunicações - CRT, a
ser realizado na tarde de hoje, Requerimento este deferido pelo Senhor
Presidente, tendo os Vereadores João Dib, Maria do Rosário, Antonio Hohlfeldt e
Pedro Américo Leal manifestado-se a respeito do mesmo. Na oportunidade, o
Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre o procedimento de inscrições
dos Senhores Vereadores para o período de discussão de Pauta, face ao
Requerimento verbal formulado pelo Vereador José Valdir. Em PAUTA, Discussão
Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 81,
84, 51/98, este discutido pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, e 83/98, este
discutido pelo Vereador Cláudio Sebenelo, os Projetos de Resolução nºs 25,
26/98, este discutido pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, e 24/98, este discutido
pela Vereadora Anamaria Negroni; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do
Legislativo nº 09/98, este discutido pelos Vereadores Nereu D'Ávila e Cyro
Martini, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 78 e 80/98; em 3ª Sessão, o
Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 60/97, os Projetos de
Lei do Legislativo nºs 75, 76 e 67/98, este discutido pela Vereadora Anamaria
Negroni. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Maria do Rosário teceu críticas à
política adotada pelos Governos Estadual e Federal em relação aos processos de
desestatização de empresas públicas, questionando a destinação a ser dada aos
recursos oriundos dessas privatizações. Na ocasião, face ao Requerimento de
Licença para Tratamento de Saúde do Vereador Antônio Losada, anteriormente
apregoado, o Senhor Presidente declarou empossada na vereança a Suplente
Maristela Maffei, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de
Urbanização, Transportes e Habitação. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Nereu
D'Ávila contraditou declarações prestadas à imprensa pelo Senhor Cézar Pureza,
Presidente do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre, relativas à
instalação e ao funcionamento da Comissão Externa constituída com o objetivo de
acompanhar e participar das tratativas do dissídio coletivo dos funcionários
dos Poderes Executivo e Legislativo do Município de Porto Alegre. Na ocasião, o
Vereador Renato Guimarães formulou solicitação, deferida pelo Senhor Presidente,
no sentido que fosse retirado cartaz afixado nas dependências do Plenário
Otávio Rocha, por ocasião de encontro do PSDB realizado no dia de ontem. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Hélio Corbellini, ao mencionar homicídios
cometidos contra motoristas de táxi no último final de semana, teceu
considerações acerca do crescimento dos índices de violência na Capital e
discorreu a respeito do Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº
28/98, de autoria do Vereador Elói Guimarães. A Vereadora Clênia Maranhão
comentou aspectos referentes à legislação eleitoral ora em vigor, o qual
determina que as nominatas dos partidos políticos que disputarão as próximas
eleições contenham um mínimo de vinte e cinco por cento de vagas destinadas à
participação feminina. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Antonio Hohlfeldt,
reportando-se ao discurso da Vereadora Maria do Rosário, teceu críticas ao
Partido dos Trabalhadores, face ao posicionamento deste Partido acerca da venda
da Companhia Riograndense de Telecomunicações - CRT. Ainda, referiu-se à
questão da remoção da Vila Mirim e à responsabilidade do município de Porto
Alegre sobre a perda de verbas federais destinadas ao setor de habitação. Na
ocasião o Vereador Pedro Ruas, através de Requerimento verbal, solicitou fosse
realizada verificação de "quorum", tendo sido constatada a presença
de doze Senhores Vereadores. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Reginaldo
Pujol reportou-se ao discurso do Vereador Antonio Hohlfeldt, referente a verbas
federais destinadas à área de habitação em Porto Alegre, tecendo considerações
acerca da política habitacional vigente no Município. Na oportunidade, o Senhor
Presidente registrou o transcurso, no dia de hoje, do aniversário do Vereador
Isaac Ainhorn, congratulando-se com Sua Excelência. Às dezessete horas e
dezenove minutos, constatada a inexistência de "quorum", o Senhor
Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores
para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Isaac Ainhorn e
Juarez Pinheiro e secretariados pelos Vereadores Juarez Pinheiro e Paulo Brum.
Do que eu, Juarez Pinheiro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente
Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo
Senhor Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Passamos
à
O Sr. Fernando Fuão e a Sra.
Jane Maria de Moraes Branco, representando a Associação dos Amigos da Rua 24 de
Maio e Adjacências, dividirão o tempo. A Sra. Jane Branco está com a palavra,
pelo tempo regimental de cinco minutos.
A
SRA. JANE BRANCO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, boa-tarde. É um prazer estarmos aqui
representando a nossa Associação da Rua 24 de Maio e adjacências, que foi
fundada em março do ano passado em razão das observações que fizemos, como
moradores, e outras pessoas que trabalham naquela área, que vinham percebendo a
necessidade de uma organização que pudesse realizar alguma coisa em prol da
melhoria daquela localização.
Por que a área é importante?
Por que uma rua tão pequena como a Rua 24 de Maio tornou-se importante a ponto
de reunir tantas pessoas em torno de uma mesma causa? Porque a Rua 24 de Maio é
uma rua atípica, é uma rua que tem uma escadaria. Escadaria onde se aglomeram
diversas pessoas, não propriamente interessadas no seu progresso, na sua
melhoria ou na sua limpeza; mas, principalmente, pessoas que estão ligadas a
atividades muitas vezes ilegais. Nós nos reunimos, verificamos e constatamos,
conversando, que realmente ocorriam situações do tipo: pracinha com crianças
convivendo com seringas de drogados que se sentam nas escadas. Adolescentes
convivendo com atos sexuais praticados à noite, e, às vezes, até durante o dia.
Lá também ocorrem encontros de ladrões do centro que se reúnem naquela área,
porque sabem ser um local onde não passa carro e não há muita vigilância.
Conseguimos conversar com a Brigada Militar, DMLU, SMOV, SMAM e outras
entidades que nos têm auxiliado para melhorar a área.
A nossa vinda, nesta Casa,
não é para fazer uma queixa, mas para mostrarmos uma realidade que é a nossa
vivência diária. Nós observamos que apenas a assistência da Brigada e a
participação do DMLU, no sentido da reurbanização, reeducação ambiental, não são
suficientes, pois é necessário que haja uma mudança estrutural na escadaria.
Mas esse local pertence ao patrimônio histórico e cultural da Cidade. Como os
moradores não têm condições de realizar nenhum trabalho do tipo calçamento, por
exemplo, por ser patrimônio público que se encontra entre a Rua Duque de Caxias
e a Rua André da Rocha, é que esse local transformou-se num microssistema
social altamente contaminado.
Em função desse fato, o
arquiteto Fernando Fuão fez um estudo sobre isso e vai apresentar aos Senhores
neste momento. Muito obrigada.
(Não revisto
pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a
palavra Sr. Fernando Fuão.
O
SR. FERNANDO FUÃO: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, inicialmente gostaria de agradecer ao convite do
Ver. Adeli Sell, e aos demais Vereadores, que nos deu a oportunidade de
apresentarmos esse trabalho.
Gostaria, também, de
agradecer à Jane Branco por ter me pedido para apresentar este trabalho.(Lê.)
“A Rua Vinte e Quatro de
Maio é uma das ruas mais características e singulares de Porto Alegre. Devido à
sua conformação, dimensões e posição dentro da Cidade, ela acaba atraindo
milhares de pessoas e turistas todos os dias. Constituída por apenas duas
pequenas quadras, uma delas sendo para pedestre e também conhecida como o
trecho da escadaria, a Rua 24 de Maio tem a função de conectar a Rua Duque de
Caxias com a Rua André da Rocha. Em outras palavras, de conectar a Cidade Baixa
com o Centro da Cidade. São muitas as pessoas que se sentem atraídas ou
desafiadas pelo fascínio de subir os seus inumeráveis degraus.
Infelizmente, há muito tempo
a Rua 24 de Maio é motivo de abandono por parte da Prefeitura e das
Secretarias. Talvez, por isso mesmo, esse seja o motivo, hoje, da nossa
presença. Exatamente por ser uma rua excepcional acabou, ao longo da história,
despertando o interesse de vários historiadores porto-alegrenses, como
Achylles, Mazeron e Walter Spalding que não cansaram de lavrar em suas páginas
da historiografia porto-alegrense citações à rua. Inegavelmente nossa pequena
rua faz parte da memória viva de Porto Alegre. Já possui vários nomes, já se
chamou o ‘Beco do Jacques’, por ali residir o conhecido escrivão Francisco
Neves. Com a urbanização da Cidade, a rua acabou por criar um forte conjunto
arquitetônico caracterizado pela predominância de edifícios de três ou quatro
pavimentos e, na maioria, construídos durante a década de 50 e 60. No trecho da
escadaria, encontram-se um denso e harmonioso conjunto de pequenos edifícios
colados um ao lado do outro, formando um todo.
A rua apresenta alguns
prédios de interesse ao patrimônio histórico e arquitetônico como o antigo
casarão abandonado, a antiga residência do Sr. Guilhermino César, construída em
1950 pelo arquiteto Fernando Corona e outros prédios de características
ecléticas. Estima-se que a população, no trecho da escadaria, seja de
aproximadamente de 500 pessoas, sendo constituída de famílias e estudantes.
Alguns moradores residem lá há mais de 30 anos. A rua apresenta ainda
atividades comerciais como cabeleireiros, atelier de costura, restaurantes e
bares.
O Plano Diretor classifica o
trecho da escadaria como ‘área funcional de preservação cultural e de proteção
da paisagem urbana’ e sua extensão, a outra quadra, como ‘unidade territorial
mista’, ou seja, admite tantos as funções comerciais como residenciais. Como
‘área de preservação cultural e de proteção da paisagem urbana’, entenda-se que
são, conforme o Plano Diretor, áreas destinadas a ‘promover a cultura, através
da promoção, preservação, restauração, recuperação e valorização do patrimônio
ambiental urbano’. Em relação à classificação das vias, o trecho da escadaria
está classificado como uma via secundária, especificamente para pedestres, que
é o trecho da escada.
Com a realização da 1º
Bienal de Artes do MERCOSUL, em 1997, a rua foi palco de uma performance de um
artista boliviano, que escolheu esse peculiar espaço para apresentar seu
trabalho. Esse fato, sem dúvida, representou um ganho para a comunidade em
termos de divulgação e importância. Durante a intervenção, foram pintados o
piso e os muros da praça, entretanto, somente oito meses depois, após pedido da
AMIVI, é que o DMLU tratou de apagar os vestígios da pintura.
A partir de agora, tratarei
de expor os tópicos mais importantes no diagnóstico da rua, com a intenção de
mostrar aos presentes as péssimas condições em que se encontra hoje nossa rua e
os problemas que enfrentamos, como disse a Jane, diariamente, com relação à
segurança pública, ao lixo e à necessidade de revitalização da rua. O primeiro
desses tópicos são os elementos arquitetônicos que a rua apresenta, como
marquises, plataformas, muros de contenção, marcos de entrada, etc. Conscientes
e vivenciadores de que a arquitetura de um lugar pode promover ou desestimular
certos hábitos indesejáveis à coletividade, é que os moradores consideram esse
um dos pontos mais importantes no processo de revitalização da rua. Os
elementos arquitetônicos hoje existentes e que foram construídos nos anos 60,
com o estilo conhecido como ‘brutalismo’, ou seja, a utilização de concreto
armado para qualquer elemento, já não corresponde às necessidades dos
moradores. Na atualidade eles se constituem, em verdade, elementos
bloqueadores, barreiras físico-visuais. Tornaram-se o lugar predileto para
dormir desocupados, mendigos e para o consumo de drogas, e à noite acabou
tornando-se um motel a céu aberto. Dentre esses elementos, o mais terrível e
temido talvez seja a marquise-plataforma, que coroa a entrada da escadaria pela
Rua André da Rocha. Nunca foi utilizada pelos moradores, escurece a entrada e à
noite provoca insegurança. Para nós, moradores, é motivo de vergonha e
temeridade esse elemento. Outros elementos indesejáveis são os muros das
praças, com seus bancos em concreto, os muros de contenção, na parte de baixo
da escadaria e o muro escultórico, na parte de cima da escadaria, que
acabaram-se tornando ótimos painéis para os pichadores. Para nós, moradores, a
expectativa é a imediata remoção desses elementos nefastos à segurança dos
moradores e consolidadores de uma péssima qualidade de vida.
Outros pontos mais
problemáticos são as três pequenas praças existentes na rua, colocadas em
frente as residências, o que já torna altamente questionável a sua utilização.
As praças não são utilizadas pelas crianças e acabam sendo utilizadas por
gangues; quando chove, se tornam barrentas e umas verdadeiras piscinas.
Constatamos também que, com
freqüência, em dias de chuva as bocas-de-lobo e as grelhas, colocadas ao longo
da escadaria, ficam obstruídas pela vegetação. Esse fato acarreta um acréscimo
no nível da unidade provocando alagamento e a difícil absorção pelo piso.
Como último ponto, eu
gostaria de colocar a questão da pavimentação que está completamente arruinada.
É lamentável que não tenhamos colocado os slides
a tempo. Mas a pavimentação deve ter a sua totalidade de piso refeito.
Outro tópico importante é
com relação à iluminação pública. Sabemos que a iluminação pública está ligada
ao problema da segurança. E hoje em dia a escadaria apresenta um terrível
problema de segurança pública devido à baixa qualidade de iluminação, porque,
obviamente, escadas necessitam mais de iluminação do que outros pontos,
normalmente, de luz.
Para concluir, eu gostaria
de deixar bem claro que é desejo dos moradores um remodelação, revitalização da
rua, com o objetivo de assegurar uma melhoria de vida a seus moradores. E, mais
do que isso, restituir a própria Cidade a idéia de turismo e um importante
quadro na paisagem arquitetônica e urbanística da Cidade de Porto Alegre. Muito
obrigado.”
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): A
palavra encontra-se à disposição das Lideranças.
O
SR. ADELI SELL (Requerimento):
Sr. Presidente, dada a importância da abordagem feita pelo Arquiteto Fernando,
da Jane, da Associação 24 de Maio, requeiro a V. Exa. que as cópias
taquigráficas da sua intervenção sejam enviadas ao Sr. Prefeito Municipal,
Vice-Prefeito e ao Comando de Policiamento da Capital. O Prefeito e
Vice-Prefeito, evidentemente, mandarão para as secretarias respectivas que têm
a ver com o pronunciamento dos representantes da Associação 24 de Maio. Dado o
problema técnico que houve, se não houvesse objeção, que os “slides” fossem
passando para que as pessoas tivessem uma idéia. Sei também que o Dr. Fernando
Fuão traz um dossiê com fotos, e seria bom que pudesse circular entre os Srs.
Vereadores.
O
SR. PRESIDENTE: Para um
Requerimento tem a palavra a Vera. Anamaria Negroni.
A
SRA. ANAMARIA NEGRONI (Requerimento): É
para fazer um adendo ao Requerimento do Ver. Adeli Sell, para que cópias das
notas taquigráficas chegassem às mãos dos 33 Vereadores da Casa.
O
SR. PRESIDENTE: Determino
à Diretoria Legislativa para que forneça aos Vereadores cópias da manifestação
dos dirigentes da Associação da Rua 24 de Maio. Solicito ao Ver. Adeli Sell que
formalize sua questão por escrito para que a Mesa tome providências.
Vamos, agora, proceder à
projeção dos “slides”. Solicito ao Dr. Fernando Fuão para que, da tribuna, faça
os esclarecimentos na medida em que os “slides” forem aparecendo.
(É procedida à projeção de
“slides”.)
O
SR. FERNANDO FUÃO: Esses
“slides” têm o objetivo de dar ênfase ao nosso problema.
(Comenta os “slides”.)
Aqui aparece em primeiro
plano uma vista da entrada da escadaria, onde aparece essa plataforma, essa
grande barra na horizontal, que deveria servir inicialmente como marquise, mas
que hoje em dia não é utilizada como tal.
Esta é uma vista superior da
rua, onde mostra alguns aspectos da vegetação e do desenvolvimento da
escadaria.
(Projeção de slides.)
Esta é uma vista em relação
ao Patrimônio Histórico, dos edifícios que apresentam a rua, o casarão
abandonado, datado do final do século XIX.
Temos a casa Guilhermino
César, construída pelo Arquiteto Corona em estilo neocolonial, um dos
verdadeiros patrimônios da arquitetura moderna porto-alegrense. Temos um
casarão de estilo eclético, meio neocolonial, localizado na entrada da
escadaria pela parte de baixo.
Temos uma vista de alguns
edifícios, todos esses pequenos edifícios acabam formando um forte conjunto
arquitetônico, digamos tomatadas, unidos um ao lado do outro, formando um
conjunto bastante harmonioso, que a partir do momento que houver um processo de
revitalização dessas fachadas, eles vão realmente ter ressaltar a sua beleza.
Temos mostras ou seqüelas,
uma faixa branca de uma vista aérea, seqüela da intervenção sofrida pela
Bienal, como tinha falado, que hoje praticamente acabou por inutilizar a
pavimentação, sendo que já estava terrível, mas terminou por confirmar a
deterioração da pavimentação.
Temos uma vista da rua, da
escadaria com a praça e os corredores que se tornam estreitos, às vezes, até
para mudanças, com problemas ainda ressaltados pelos postes de iluminação
pública e toda fiação caótica.
Temos uma nova vista da
entrada no seu centenário de degraus.
Um detalhe das praças que
estão localizadas em frente as residências, dos apartamentos térreos, que hoje
em dia não são utilizadas pelas crianças pelas péssimas qualidade de higiene
que possuem.
Temos uma vista do Marco de
entrada, uma parede que serve só para pichação, recentemente foi pintada, tem
uma entrada pela Rua Duque de Caxias.
A questão da colocação das
praças, que é bastante questionada pela própria Legislação, em frente aos
apartamentos.
Uma vista do abandono do
interior dessas praças. Em dias de chuva, quando chove o dia inteiro, elas
acabam se tornando verdadeiras piscinas. O problema de alagamento geralmente é
feito devido à vegetação que cai das árvores e acaba tapando todas as grelhas
de boca-de-lobo que servem para o deságüe.
Uma vista da questão que não
é só da rua, mas de toda a Cidade, dos remendos feitos na pavimentação, porque
jamais se consegue, por mais que se troque o piso, uma ordenação e uma limpeza
urbana. Então, a esses detalhes deve-se prestar muita atenção para que essas
coisas não se repitam.
Os três tipos de
pavimentação que possuem apenas uma quadra; que são as bocas-de-lobo, as
grelhas metálicas e os pavimentos em ladrilhos hidráulicos. Um detalhe parte
dos espelhos dos degraus da escadaria que estão completamente fragmentados e dando
um péssimo aspecto em termos de embelezamento.
Para confirmar mais o estado
caótico da rua a vegetação às vezes ao invés melhorar a qualidade da rua
prejudica, como é muito sombrio, mais o problema de umidade constante, somada à
falta de clareza. Aqui vocês vêm uma luminária misturada no meio da vegetação,
das grande árvores.
Eu acredito que de certa
forma os problemas são muito maiores e de certa forma são irretratáveis em
forma de “slides”. Mas já deu uma certa panorâmica da gravidade do problema arquitetônico
da rua e que tem vínculos explicitamente com a relação de baixa qualidade de
arquitetura, baixa qualidade de cidade, com baixa qualidade de vida. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): A
Mesa coloca à disposição dos Srs. Líderes o espaço de Liderança para esse
assunto. (Pausa.) Não havendo inscrições fica subentendido que o assunto ficou
gravado na memória de cada Vereador. e nos Anais desta Casa, pela importância
que tem. Seguramente, nós todos teremos o compromisso de colaborar com essa
problemática.
Queria agradecer imensamente
a presença do Sr. Fernando Fuão e da Sra. Jane Maria de Moraes Branco, que é
Presidente da Entidade.
Nossa Tribuna Popular, hoje,
foi abrilhantada pela Entidade e pelo assunto que Vossas Senhorias trouxeram
aqui. Muito obrigado.
(Suspendem-se os
trabalhos às 14h33min.)
O
SR. PRESIDENTE (às 14h35min): Estão
reabertos os trabalhos.
O
SR. GUILHERME BARBOSA (Requerimento):
Ver. Clovis Ilgenfritz, eu sei que houve uma reunião da Mesa com as Lideranças
em que se tratou de tentar reduzir ao máximo as paradas ao longo da Sessão.
No entanto, faleceu,
recentemente, o arquiteto e urbanista Lúcio Costa, um profissional que, com
certeza, orgulhava todo o País. Ele foi um dos que projetaram a nossa Capital,
Brasília.
Por isso, é relevante
requerer à Presidência que façamos um minuto de silêncio em sua memória.
O
SR. HÉLIO CORBELLINI (Requerimento):
Sr. Presidente, eu solicito que esse minuto de silêncio seja também uma
referência aos dois motoristas assassinados nesse final de semana: Valter
Oliveira de Matos, de 48 anos, e Olsnein Neri Silveira, assassinado hoje. São
dois porto-alegrenses que trabalham numa concessão pública.
O
SR. PRESIDENTE: A Mesa
coloca para todos os Srs. Vereadores, Diretores, nossos ilustres convidados,
esse minuto de silêncio em homenagem a Lúcio Costa, urbanista, arquiteto,
notabilizado publicamente pela construção de Brasília, mas que teve uma
importante participação na Semana de Arte Moderna, na década de 20, como um dos
grandes artífices da história cultural, urbanística e arquitetônica deste País.
Eu aproveito a presença do
Prof. Riopardense de Macedo, um dos mais ilustres urbanistas do nosso Estado,
que nos prestigia hoje, para dizer que fazemos a homenagem a Lúcio Costa com a
presença dele, do Ferrari e de outros colegas que estão aqui, da área da
arquitetura. O minuto de silêncio será, também, em memória de Valter Oliveira
de Matos e Olsnein Silveira.
(Faz-se a um minuto de
silêncio.)
O
SR. PRESIDENTE: Referi
anteriormente o Prof. Riopardense de Macedo, também o Arquiteto Ferraro e a
Arquiteta Fátima, que nos honram com a presença aqui, são profissionais da área
que sabem o quanto perdemos com a morte de Lúcio Costa, o quanto perdemos com a
sua saída do nosso convívio, mas que nos deixou ensinamentos grandiosos.
Lamentamos, profundamente,
os assassinatos que vêm ocorrendo, que o Ver. Hélio Corbellini em boa hora
comentou. É impossível convivermos com o fato de taxistas, pessoas em geral que
trabalham à noite, nos horários mais difíceis para servir à população, estejam
sendo assaltados e assassinados friamente.
Passamos à
5ª SESSÃO
PROC.
1798/98 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 017/98, que dispõe sobre as Diretrizes Orçamentárias
para 1999 e dá outras providências. Com
Emendas nºs 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08 e 09.
O
SR. PRESIDENTE: Hoje
temos em Pauta Especial a discussão da Lei de Diretrizes Orçamentárias. O Ver.
Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
O
SR. ADELI SELL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, já tive a oportunidade de discutir por três vezes
a Lei de Diretrizes Orçamentárias deste ano. Hoje, pretendo traçar para os Srs.
Vereadores, aos Senhores e Senhoras que nos assistem um panorama global de
nossas linhas mestras de governo, tanto sob o ponto de vista do planejamento
quanto acerca da arrecadação, assim como dos gastos, mas não deixarei de
mencionar questões, além das diretrizes, para responder àqueles Vereadores que,
sem paciência, não têm acompanhado o processo do Orçamento Participativo, base
para a elaboração da LDO, porque nosso governo, diferente de outros, ouve a
cidadania e respeita as suas demandas.
Por isso, hoje, peço a
compreensão de V. Exas. por não conceder apartes, como é meu costume
concedê-los a qualquer Vereador da situação como da oposição, porque quero
traçar algumas questões sem ser interrompido e tenham certeza de que não
fugirei do tema.
Quero dizer que, além de
registrar que não daremos isenções fiscais, nós estamos combatendo a sonegação
e enfrentando aqueles setores que usufruem de ganhar dinheiro na cidade de
melhor qualidade de vida do País. Refiro-me, mais particularmente, aos donos de
cartórios. Recebi, a meu pedido, o processo que a nossa Procuradoria Geral do
Município, por presteza de nosso Procurador Sr. Rogério Favretto, move na
Justiça para derrubar a Liminar dada, de forma irresponsável, por uma juíza
local, que não merece ser citada, porque seu parecer caminha, flagrantemente,
contra as leis maiores deste País. O experiente procurador Sr. Nygaard mostra
que nós deveríamos estar recebendo ISSQN sobre os serviços realizados nos
cartórios, cujas taxas são exorbitantes.
Deve ficar claro ao
porto-alegrense que uma parcela significativa de ISSQN não aparecerá nos cofres
públicos por pura culpa de uma minoria da sociedade, verdadeiro setor
“chupa-cabras”, mas não por culpa de nossa Administração.
Fico devendo aos Senhores,
esperava ter estes dados na discussão da LDO, o comportamento de arrecadação ou
não sobre os serviços “0900”, tão comuns nos dias de hoje. Aguardo retorno de
um Pedido de Informações que fiz à Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Não
tenho dúvidas que a Secretaria da Fazenda e a Secretaria Municipal da Indústria
e Comércio já estejam cuidando desta barbaridade que toma conta de anúncios em
outdoors, jornais, televisão, etc. Se um barbeiro, se um sapateiro pagam
tributos, estes “serviços fáceis”, com mais razão, devem pagar. Não encontrei
como diretriz, algo mais diretamente vinculado à cobrança da dívida ativa.
Tenho dúvidas, se deva constar da LDO, mas vou entrar em contato com o nosso
Governo para que este item não seja esquecido na atividade cotidiana, porque
sabemos que ainda temos um valor significativamente alto para ser cobrado de nossos
munícipes.
No item de taxas não teremos
o comportamento de certos governos que isentam os grandes, mas punem cada vez
mais os pequenos. Queremos, de forma serena, discutir possíveis mudanças. Não
abrimos ainda, enquanto Executivo, o tema apresentando um projeto de lei,
porque tememos que, dado o grau de sectarização, em véspera de eleição,
pudéssemos ter um jogo apenas para a platéia, sem resolver o problema de quem
verdadeiramente joga para engrandecer a cidade com o seu trabalho.
Senhores, Senhoras, a
Cidade, depois da municipalização da saúde, sem os devidos repasses de verbas:
federal e estadual; depois de perdermos mais de 30 milhões de reais, para as
últimas leis que concentram o dinheiro no caixa do Presidente da República,
temos que pensar seriamente em como aumentar a arrecadação. Como já dissemos, é
essencial o combate à sonegação, à cobrança da dívida ativa, não cair na
tentação de entrar no jogo da guerra fiscal, mas temos que entrar na discussão
de nosso Plano de Desenvolvimento Econômico. Fui, aqui, o primeiro a reconhecer
que faltam alguns itens - que considero essenciais - como uma diretriz para o
turismo, que o tenha como um dos vetores essenciais de um novo modelo de
desenvolvimento, para gerar mais empregos, renda e pagar melhores salários.
Vou insistir junto ao meu
governo, o governo da Administração Popular, que alguns Vereadores insistem em
não reconhecer, para que, a cada mês, a cada ano, façamos determinados
movimentos que nos coloquem como centro turístico do MERCOSUL.
No dia 8, por uma ousada
iniciativa da EPATUR, com João Carlos Vasconcelos, da SMT, com Luiz Carlos
Bertotto, abriu-se licitação para a linha turística em Porto Alegre.
Recentemente, foram feitos movimentos para desenvolver o turismo, tendo como
destino Porto Alegre. Prego, com insistência, que o nosso governo ouse mais,
ainda no processo de revitalização do Centro. Quero agradecer àqueles que me
mandaram telegramas, cartas e telefonaram, apoiando-me nas idéias sobre o
Centro, apontadas em artigo de jornal, para que possamos ter um Centro
preservado, com segurança, estacionamentos, limpeza, solução para os camelôs,
etc.
Nesta perspectiva, dentro
das diretrizes de desenvolvimento, queremos maior incentivo para a Feira da
Cidade Antiga, plena ocupação do Mercado Público com a volta da “cesta
popular”, solução para os problemas dos hortomercados.
Queremos, dentro das
diretrizes do desenvolvimento, insistir na necessidade de priorizar a área
rural agricultável em nosso Município. Vou levar ao nosso Governo as demandas
por cursos de folhagens e floricultura no Centro Agrícola Demonstrativo; vou
tentar convencer o nosso Governo de abrir parceria com os Governos do Estado e
Federal para a criação de uma Escola Técnica Agrícola de 1º e 2º graus em Porto
Alegre.
Vou mover montanhas para que
tenhamos o Dia da Agricultura e a nossa Feira da Agricultura na Cidade.
Depois da Casa do Mel, no
Centro Agrícola Demonstrativo, grande iniciativa de nosso Governo, vou propor
uma política de apoio à agricultura para uma integração ambiental, geração de
alimento tão rico como o mel, preservando as matas nos morros, impedindo a
devastação.
Também vou procurar
convencer o nosso Governo para que haja incentivo especial para a piscicultura,
dado nosso potencial hídrico na Zona Sul, para termos o desenvolvimento,
portanto, de um projeto de açudagem, até os “pesque-pague”.
Como V. Exas. notaram,
levantei algumas questões que não estão propriamente nas diretrizes, mas no
cerne delas, como eu já havia dito e demonstrado numa de minhas intervenções anteriores.
Quero, aqui, retomar e
repisar a questão de que estamos discutindo as Diretrizes, pois quando falamos
em resolver os problemas de trafegabilidade em nossa Cidade, não escrevemos
nada sobre os estudos que estão sendo feitos sobre os estacionamentos
subterrâneos, que na minha opinião devem ser agilizados para que tenhamos uma
melhoria não apenas do trânsito, mas para chegar ao Centro e usufruir de nosso
Mercado Público, da Casa de Cultura Mário Quintana, do Centro 24 horas, do
MARGS, etc.
Novamente quero me referir
ao funcionalismo, pois quando falamos na melhoria de suas condições de
trabalho, temos que “debulhar” o que queremos com isso. Na minha opinião, vamos
ter que investir mais na informatização de nossos serviços, qualificando nossos
funcionários. É evidente que isso deve partir dos próprios Secretários e
Chefias, porque hoje ainda sentimos uma certa timidez em desenvolver alguns
programas, apesar das condições de excelência que a PROCEMPA tem e que ela pode
gerar em cada ponta, em cada centro de nossa máquina administrativa. Está
escrito, e é evidente que eu serei o primeiro a cobrar maior eficiência. Para
tal vamos discutir também as questões salariais, as questões atinentes a um
plano de saúde, não em letras maiúsculas, porque isso seria já dizer de antemão
que vamos contratar uma empresa.
Vamos discutir com o
funcionalismo as condições de todos terem acesso à saúde, e isso não poderá ser
discutido sem discutirmos os repasses de verbas, que são parcas, por parte dos
Governos Estadual e Federal. E não iríamos aqui esquecer a necessidade de
aumentar o vale-refeição de nossos funcionários. Finalmente, quero insistir que
não se pode encerrar este debate aqui, como o debate de Pauta da LDO. Aquele
Vereador que tiver alguma questão que acredite não ter sido esgotada aqui pode
recorrer à nossa Comissão de Economia, Finanças e Orçamento que tenho o prazer
de presidir, para marcarmos um debate amplo e púbico. Esta questão também é
válida para toda e qualquer entidade ou cidadão. Sem medo de discutir os problemas
de Porto Alegre, sem medo de discutir também os problemas do Rio Grande do Sul
e do Brasil. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Guilherme Barbosa está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
O
SR. GUILHERME BARBOSA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, neste importante tempo de discussão da Pauta
Especial sobre a Lei de Diretrizes Orçamentarias, quero fazer vários
comentários, colocar algumas idéias sobre o debate que tem havido nesta Casa,
em vários aspectos do Projeto. O primeiro deles diz respeito à própria maneira
com que o Executivo Municipal tem preparado o seu orçamento, não exatamente a
LDO, mas principalmente o orçamento, o processo que vem desde 1989, o chamado
Orçamento Participativo, que já chegou a ser chamado pelo Ver. Reginaldo Pujol
de orçamento enganativo. E alegava S. Exa. de que aconteceu uma série de
atrasos no ano de 1997, portanto, não haveria compromisso do Executivo em
cumprir aquela relação. Eu acompanhei esse processo desde 1989, quando nós
começamos a implementá-lo, nas primeiras reuniões, tinha de fato mais gente das
Secretarias do que da comunidade. Na medida em que o tempo passou e a
comunidade foi vendo que era de fato um processo verdadeiro, o crescimento da
participação vem se dando ano a ano. E não é justo, não é indicado, inclusive,
politicamente, alguém pegar apenas um ano e fazer avaliação a partir desse ano,
porque, para haver o compromisso da Administração com esse processo, temos que
tomar todos os anos e ver que as possíveis falhas, as obras que não foram
executadas têm um percentual baixíssimo e várias delas aconteceram por disputas
entre empresas, em licitações, etc.
No ano de 1997, se houve
atraso maior do que em outros anos, foi pela redução de arrecadação que a
Prefeitura teve, e essa expectativa havia desde o início. Em função da Lei
Kandir e do FEF, a Prefeitura perdeu 31 milhões de reais. Essa é a realidade
simples e clara, tanto assim que, ao se firmar o acordo entre a Prefeitura e o
Estado, de dívidas mútuas que resultou em 20 milhões de repasse do Governo do
Estado para a Prefeitura de Porto Alegre, aquelas obras que ficaram atrasadas
em 1997 já estão sendo executadas agora e, algumas de 1998 também já iniciam a
sua execução, mostrando, mais uma vez, o compromisso da Administração com esse
processo que é, absolutamente, rigoroso. Se não fosse assim, como explicar que
o Executivo Municipal publique um caderno a cada ano, e distribua à população
dizendo: “Este é o nosso compromisso.”? Se não fosse de verdade, seria uma loucura
alguém fazer uma coisa dessas: publicar a relação completa de obras e dizer
para cobrarem! O Executivo cumpre os objetivos, com problemas aqui e acolá,
mas, absolutamente, minoritários, com um percentual baixíssimo daquilo que não
é cumprido. Aquele atraso maior de 97, causado por problemas de políticas
econômicas no País, já começa a ser cumprido completamente.
É uma opção do Executivo
Municipal, um prefeito pode resolver fazer sozinho o seu compromisso de obras
para a cidade e até fazê-lo bem. O prefeito pode apenas juntar o seu
secretariado e decidir a relação de obras que vai fazer, mas nós decidimos,
desde 89, chamar a população para estruturar juntos isso. Assim, temos cumprido
os objetivos muito melhor. A história recente desses 10 anos tem mostrado isso.
Se erra menos, é um processo inteligente, se erra menos quando se tem mais
pessoas para discutir e encaminhar um processo. Repito o que já disse; não eram
todos os Prefeitos, nem todos os Secretários, nem todos os Vereadores, mas é
verdade sim que havia relação entre obras que se fazia na comunidade e apoio
daquela liderança na próxima eleição para aquele Secretário, ou para aquele
Vereador. Isso acontecia sim, e isso acabou com o processo do Orçamento
Participativo. Vejo até com certa satisfação que o Governador do Estado mandou
para a Assembléia Legislativa um projeto parecido, embora, muito mais restrito
em termos de amplitude. Nos jornais de hoje, do nosso Estado, está publicado
que o Senado Federal se prepara para votar um projeto semelhante, do Sen. Pedro
Simon. É oportuna essa iniciativa, porque, colocando as entidades nacionais
representativas da população, podemos acabar com os “anões” do orçamento. Este
é um fato real e concreto. Tenho dito para alguns Vereadores que, enquanto se
dá combate ao Orçamento Participativo, da forma como tem-se dado aqui, como o
fez o Ver. Reginaldo Pujol, fico contente, porque, de fato, não é uma crítica,
nem uma disputa política qualificada, é uma disputa muito superficial.
O
Sr. Pedro Américo Leal: V.
Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Agradeço a V. Exa. por
ter-me concedido o aparte, lembro que o primeiro ato que tive na Câmara, como
Vereador, foi fazer uma Moção, assinada por todos os Vereadores, ao Sen. Pedro
Simon, para que os homens públicos e todos aqueles que detenham qualquer
responsabilidade pública não tenham absolutamente sigilo bancário. Parece que o
Sen. Pedro Simon está levando isso a frente. Acho que um homem público deve ter
as contas devastadas, a todo momento tem-se que poder saber quanto ele tem em
qualquer banco. Certas pessoas não concordam com isso, eu concordo. É o ônus do
homem público.
Eu lembro que V. Exa.
assinou comigo esse documento. Fico muito satisfeito com isso. Lembro que isso
partiu desta Câmara, e o Sen. Pedro Simon empolgou o gesto.
O
SR. GUILHERME BARBOSA: Eu
concordo com V. Exa.
A
Sra. Clênia Maranhão: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) É louvável o seu
pronunciamento. É importante que esta Câmara possa aprofundar o debate sobre a
democratização da discussão do Orçamento. Como Vereadora eu tive a oportunidade
de acompanhar uma série de reuniões do Orçamento. É também louvável a decisão
da Assembléia Legislativa nesse sentido. Essa notícia publicada na imprensa de
hoje, sobre a possibilidade do orçamento democrático ser discutido com a
população em nível nacional, é um fato político que nós, como representantes da
Câmara de Porto Alegre, temos de reconhecer como positivo para o conjunto das
ações democráticas da sociedade brasileira.
O
SR. GUILHERME BARBOSA: Com
relação ao Projeto do Executivo e algumas emendas apresentadas, quero,
inicialmente, comentar a proposta do art. 7º do Projeto que pede autorização
para a suplementação automática, se há necessidade de lei, do limite de dez por
cento para despesa autorizada. O Ver. João Dib propõe a retirada dessa
suplementação. Concordo que dez por cento talvez seja um percentual alto, mas
ficar sem nenhum percentual de suplementação, Ver. João Dib, não existe em
governo nenhum que eu conheça. Como tudo na vida é relativo, o Governo do
Estado, por exemplo, pede à Assembléia Legislativa quinze por cento e o
Executivo Municipal está pedindo dez. Um bom número, sem dúvida, é que fiquemos
como percentual de sete e meio por cento. Como ex-administrador, parece-me que
não seria um valor exagerado e permite uma tranqüilidade nos momentos de aperto
pelo qual passa o Executivo.
O
Sr. João Dib: V. Exa.
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Hoje acabei de fazer um Parecer
sobre as contas de 1995, da Prefeitura de Porto Alegre. O Tribunal de Contas
alerta e adverte o Prefeito por suplementações sem cobertura e, só não rejeita
as contas porque as de 1994 ainda não foram aprovadas, coisa que não entendo.
No ano passado e atualmente, o Prefeito Raul Pont abriu mais créditos
suplementares do que o excesso de arrecadação. Esse tipo de procedimento deve
ser terminado. Estamos com uma inflação de cinco por cento ao ano, Deus queira
que baixe mais que isso ainda. Penso que a retirada é justa.
O
SR. GUILHERME BARBOSA: Faço
a leitura exatamente ao inverso, Ver. João Dib, que talvez não tenha havido, de
fato, a autorização legislativa para aquela suplementação, mas o que não
significa que o gasto tenha sido indevido. Talvez não houvesse autorização
legislativa, mas o gasto não foi indevido. Isso reforça a argumentação que este
Vereador está tentando colocar aqui, que são coisas distintas. Inclusive, pode
haver autorização legislativa e o gasto ser indevido. Pode acontecer.
O
Sr. Juarez Pinheiro: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Guilherme Barbosa, V.
Exa., quando expôs a matéria, cometeu um pequeno equívoco. No Estado, dentro de
projetos ou atividades diversas, é possível, Ver. João Dib, uma suplementação,
sem autorização, de 15%. Dentro de um mesmo projeto de atividades em grupos de
despesas diversas, é absolutamente livre a suplementação.
O
SR. GUILHERME BARBOSA:
Então, não seria um equívoco, seria uma limitação da minha informação.
O
Sr. Juarez Pinheiro: Na
verdade, com estes instrumentos e com o último que eu vou dizer a V. Exa., há
possibilidade de suplementação, independente de autorização, o Governo do
Estado utiliza a verba de pessoal para pagar outras despesas e suplementa,
fazendo como que uma conta-tesouro. Com isso, o Governo do Estado teve, no
Orçamento do ano que passou, em torno de 60% de suplementação, sem autorização
da Assembléia Legislativa.
O
SR. GUILHERME BARBOSA:
Exato, eu tenho esta informação, também. É importante que se coloque isso. Como
o pessoal é uma suplementação automática, em qualquer Governo, o que o
Governador Britto tem feito é retirar de pessoal, passando para uma outra
atividade, sem autorização; permanentemente, para a rubrica de pessoal. E foi
isso colocado pelo Ver. Juarez Pinheiro, levantado pela nossa assessoria, que o
orçamento final, trabalhado pelo Governo do Estado em 97, foi mais de 60% do
que aquele originalmente aprovado pela Assembléia Legislativa. Uma loucura
completa! Agora, o Governo ficar sem qualquer margem de suplementação, isso não
existe em lugar nenhum. Portanto, se 10% pode parecer um valor um pouco alto,
eu proponho que nós trabalhemos com um valor intermediário de 7,5%, que me
parece absolutamente razoável.
Existe um outro aspecto que
eu quero destacar nesta discussão. Diz respeito ao detalhamento das diretrizes
no que se refere à questão da saúde, à questão do transporte e outros pontos.
Sinto que, neste momento, não está presente, neste Plenário, o Ver. Paulo Brum,
porque este Projeto é uma vitória do Ver. Paulo Brum que, com a sensibilidade
da nossa Administração, incorpora o conceito de atendimento às necessidades das
pessoas portadoras de deficiências físicas. Esse aspecto é relevante e está
colocado tanto na questão da saúde quanto do transporte. O Ver. Paulo Brum tem
levado essa luta assim como outros Vereadores. Lembro da Vera. Maria do Rosário
que trabalha com esta questão do portador de deficiência física. Isso está
incorporado nesta LDO, em vários itens do Projeto. Portanto, a nossa Cidade,
através da Administração Popular, à qual me orgulho de pertencer, dá um avanço
significativo, o que é uma demonstração de avanço para todo o País.
Destaco também os aspectos
ligados à questão do saneamento em nossa Cidade, onde se coloca fortemente a
continuidade do investimento em esgoto. Vale lembrar que, quando assumimos a
administração pública municipal, a Cidade tinha 1% do esgoto tratado,
percentual baixo, mais foi um trabalho muito grande voltar a investir
significativamente em esgoto. No final da administração Prefeito Tarso Genro, o
percentual era de 15% e as obras que estão em andamento e outras que virão vão
deixar a nossa Cidade com 30 ou 40% do esgoto tratado.
Vejam, se durante a sua
história a Cidade tratava 1% do esgoto, em doze anos de Administração Popular
deixaremos a Cidade com mais de 1/3 de seu esgoto tratado. Ainda é pouco e será
necessário que outras administrações - faremos força para que continue sendo
nossa - continuem investindo desta maneira, recuperando as nossas praias e
fazendo com que a Cidade e a população usufruam mais diretamente do seu rio que
é tão querido por todos. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE:
Requerimento do Ver. Adeli Sell. (Lê.)
“Caro Presidente, solicito
que sejam enviada notas taquigráficas do pronunciamento dos dirigentes da
Associação 24 de Maio para o comando do policiamento da Capital e para o Sr.
Prefeito e Vice-Prefeito.”
A Mesa defere o Requerimento
do Ver. Adeli Sell, uma vez que não necessita de votação.
O
Ver. Décio Schauren solicita licença para tratamento de saúde no dia de hoje.
(Obs.: Foi aprovado o
Requerimento de licença do Ver. Décio Schauren, e dada posse ao Suplente,
conforme consta da Ata.)
O Ver. Antônio Losada
solicita licença para tratamento de saúde no dia de hoje. Ainda não está
nomeado o seu substituto. Seguramente a Bancada do Partido dos Trabalhadores
vai encaminhar a substituição no momento oportuno.
A Vera. Maria do Rosário
está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
A
SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, o mais importante debate para a Casa diz respeito
ao Orçamento, em especial, a LDO, a Lei de Diretrizes Orçamentárias porque ela
trata com a disposição, com aquilo que vamos acordando, concluindo o que é
fundamental, que é importante para a Cidade para, depois, desdobrarmos essas
intenções políticas, essa legislação, essa lei aprovada nos números dentro do
Orçamento. Tudo que virá para o Orçamento depois deverá estar incorporado desde
já na LDO, que considero a verdadeira discussão política do Orçamento, o debate
político do Orçamento.
Quero, hoje, me debruçar
sobre algumas questões relativas às metas que estão apresentadas no projeto do
Executivo, especialmente, na área da educação. As nossas metas em educação em
Porto Alegre são metas ousadas e que, ao longo dos dez últimos anos, temos
feito um enorme esforço no sentido conseguirmos universalizar a escola pública
e de dar verdadeiro valor à escola pública, colocá-la exatamente onde deve se
encontrar dentro da sociedade, como local público de formação da sociedade,
daqueles que estão ali dentro, vivendo no cotidiano a produção da aprendizagem,
do conhecimento, a sua construção; todos os seus agentes, principalmente os
alunos, mas também, de um modo particular, valorizando o professor e sua
carreira, o funcionário e sua carreira, e a comunidade na sua participação, no
respeito que merece. Quero referir que as metas apresentadas nesta LDO estão em
plena sintonia e concordância com o que é o histórico da Administração
Municipal em Porto Alegre. Referindo isso estou dizendo que em 1985 o total de
alunos matriculados na rede municipal de ensino em Porto Alegre era de 13.357
alunos, Ver. José Valdir - professor que acompanha diretamente essa discussão
sobre educação. Na educação infantil, pouco mais de mil alunos estavam
matriculados em Porto Alegre, 1.248. No ensino fundamental de 1º grau, cerca de
10.320 alunos. E no 2º grau, 1. 617 alunos. Na escola especial, uma das
preocupações que temos, porque, enfim, não existe outra possibilidade de
atendimento às crianças e adolescentes portadores de deficiência que não seja a
escola pública, tínhamos 172 alunos matriculados em 1985.
Quero dizer aos Srs.
Vereadores que temos que nos orgulhar da Cidade de Porto Alegre porque em 1997,
no exercício que estamos vivendo, e vivemos no ano passado, de 13.357 alunos
matriculados, saltamos para quase 50 mil alunos, praticamente 48 mil alunos
matriculados na rede municipal de ensino em Porto Alegre, não considerando,
ainda, os mais de 3 mil alunos matriculados no serviço de educação de jovens e
adultos - no SEJA -, e os mais de 1.700 alunos matriculados e cursando o MOVA,
um movimento de alfabetização que quer, de fato, enfrentar a questão do
analfabetismo em Porto Alegre. Então, os números, Srs. Vereadores, apresentam a
incorporação da cidadania das crianças, dos adolescentes no ensino fundamental,
no ensino básico, na escola infantil - que é a pré-escola -, nas creches
comunitárias, nos convênios realizados com as próprias comunidades, e também no
ensino de jovens e adultos. Acho que isso é um exercício de quem priorisa, de
fato, a educação. De quem aplica em educação o que está previsto na
Constituição. De quem não dá voltas com os números em educação e de quem faz,
de fato, da educação uma prioridade.
Eu costumo avaliar que a
prioridade de um governo para a área social se vê no quanto ele investe nessa
área. Não podemos ver a prioridade dos governos, somente, nos seus discursos.
Agora, principalmente no
período pré-eleitoral, vamos ouvir atuais governantes, - inclusive, com a
distorção que é a possibilidade de os atuais governantes não terem de sair dos
seus cargos,- falando em educação, em saúde, em segurança pública, em política
de assistência social, mas, na verdade, aquilo que o governo faz no seu
orçamento é onde ele determina as prioridades. Quando eu trago os números da
área de educação é para demonstrar que nós crescemos enormemente nesses últimos
dez ou doze anos quanto à aplicação dos recursos públicos na área de educação,
cumprimos a legislação naquilo que trata dessa questão e, mais do que isso,
procuramos estabelecer uma política que, permanentemente, valorize o
profissional da educação. Faço questão de referir essa questão salarial porque,
hoje, Porto Alegre compromete mais de setenta por cento do nosso orçamento com
a folha de pagamento dos municipários. Para nós que somos trabalhadores,
também, não queremos referir com isso que signifique nenhum peso, muito ao
contrário, nós avaliamos que um trabalhador que é bem remunerado, que tem os
direitos garantidos, é um trabalhador que de fato se sente valorizado no
exercício da sua função.
Eu sou professora, todos os
Senhores sabem disso, tanto da rede estadual como da municipal - tive a honra
de fazer o concurso público para o Município depois de ser Vereadora desta
Capital - e comparo os salários que são pagos pelo Estado e pelo Município.
Para o exercício da mesma função, um professor com vinte horas, curso
universitário completo, hoje, tem uma diferença salarial de mais de três vezes
o do Município em relação ao do Estado. Não é à toa que o CPERS-Sindicato e a
categoria dos trabalhadores em educação se encontram em caravana no Estado,
buscando, pelo menos, serem recebidos pelo Sr. Governador.
O salário no Município de
Porto Alegre, no que trata aos especialistas, aos professores, certamente,
lutaremos para trazer mais recursos para o Município e podermos valorizar ainda
mais, do ponto de vista salarial, o educador e o funcionário da Prefeitura
Municipal de Porto Alegre.
Essa comparação é firme e é
correta, é de 1 para 3 a diferença do salário entre o professor que trabalha no
Estado e o professor que trabalha no Município, com a mesma formação
pedagógica, tendo cursado a mesma universidade, dando aula para o mesmo número
de alunos e, inclusive, com mais dificuldades no Estado, considerando que as
escolas estão verdadeiramente destruídas.
Quero dizer ainda que nos
preocupa sobremaneira a política aprovada em nível federal que é a reforma
administrativa. A reforma administrativa tem tantas coisas danosas para o
funcionário público, como, por exemplo, a quebra da estabilidade. Apresenta em
um dos seus itens a questão do reajuste anual. A possibilidade de somente um
reajuste ao ano. Nós estamos permanentemente em diálogo com o Executivo
Municipal buscando que isso não seja incorporado em Porto Alegre. Não queremos
retroagir como propõe o Congresso Nacional, de joelhos frente ao Palácio do
Planalto, quando aprova uma reforma administrativa sem nenhuma discussão com o
funcionalismo público. Em Porto Alegre, os servidores municipais têm reajustes
bimestrais e, portanto, voltam para si os índices da inflação bimestral, que
existe de fato, e nós não queremos tapar o sol com a peneira. Em nível federal
o governo fecha todas as portas, o servidor não tem nenhum tipo de reajuste, a
não ser uma vez por ano ou, quiçá, o Governo Federal está querendo que em Porto
Alegre e nos municípios se tenha a mesma prática que ele tem; que penaliza os
servidores públicos federais, como agora estão os servidores das universidades,
os professores e funcionários, em greve há mais de 60 dias, sem que sequer seja
estabelecida uma negociação séria entre eles, uma vez que estão há quase 4
anos, durante o exercício do Governo Fernando Henrique Cardoso, sem nenhum
reajuste salarial, mesmo aquilo que a inflação está comendo de dentro dos
salários dos trabalhadores e o que os juros altíssimos estão comendo do poder
aquisitivo.
Não é isso que nós queremos
em Porto Alegre. O que nós queremos em Porto Alegre é a manutenção de uma
política para o servidor público que tenha a bimestralidade como princípio, a
recuperação salarial permanentemente, bimestralmente como princípio, porque
assim estaremos valorizando o servidor. Isso não é a realidade na maior parte
do municípios. Eu quero dizer aos Senhores que essa política de atendimento ao
servidor público, de respeito às políticas sociais, de priorização das
políticas sociais, tudo isso é determinado, na Cidade de Porto Alegre, a partir
de um processo absolutamente sério e que não pode ser copiado, como um Projeto
de Lei que foi votado agora na Assembléia Legislativa sem que ninguém da
sociedade estivesse discutindo esse Projeto, que é chamado de “Consulta
Popular”. Em Porto Alegre, nós construímos um ano após o outro o Orçamento
Participativo. O Orçamento Participativo é um princípio da Administração
Pública. Ele está previsto na Lei Orgânica Municipal. Mas o exercício, a
combinação, a história do Orçamento Participativo é reescrita todos os dias e a
cada ano. Recebemos aqui a visita do Gil, que é conselheiro da Lomba do
Pinheiro do Orçamento Participativo, de vários conselheiros, há representantes
da UAMPA acompanhando a Sessão na tarde de hoje. Nós vemos o seguinte: o
Orçamento Participativo não é propriedade de ninguém, o Executivo não tem o
Orçamento Participativo sob suas rédeas, o Executivo tem o Orçamento
Participativo assim como a Câmara Municipal precisa tê-lo, como instrumento
fundamental da representatividade e da Administração direta. Portanto, não se
joguem suspeitas infundadas sobre o Orçamento Participativo. É justamente a
credibilidade que ele tem que faz com que todos os anos mais pessoas em todas
as comunidades, nas plenárias temáticas, venham ao Orçamento Participativo
discutir quais as prioridades para a Cidade de Porto Alegre. É justamente esse
Orçamento Participativo que nos faz ter a cara limpa de mandarmos para dentro
da Câmara Municipal um Projeto de LDO que a comunidade está discutindo.
O
Sr. Pedro Américo Leal:
V. Exa. permite um aparte?
A
SRA. MARIA DO ROSÁRIO:
Eu concedo um aparte com toda a alegria ao Ver. Pedro Américo Leal para que
façamos um debate sobre esse Orçamento Participativo que o Vereador considera
diabólico e que eu considero maravilhoso como democracia direta.
O
Sr. Pedro Américo Leal:
É um plano diabólico no que tange aos Vereadores. O Orçamento Participativo não
interessa à Câmara de Vereadores. Os Vereadores estão totalmente enganados, o
Orçamento pertence ao Prefeito, ele faz o que bem entender do Orçamento. Ele
criou um Orçamento Participativo e divide ou pretende dividir com o povo. Muito
bem! Ele que faça isso a sua vontade, agora eu só tenho uma objeção: os
Vereadores não são ouvidos em nada da Cidade. Aí é que está a forma diabólica
do Orçamento agir, tapa o canal de comunicação entre os 33 Vereadores e o
Prefeito. O Orçamento pertence ao Prefeito, ele que faça o que bem entender, eu
não tenho nada que ver com o Orçamento. Eu, quando for ao Prefeito apresentar
uma proposição, por exemplo, a famosa Rua Silva Jardim, eu até nem quero que
seja asfaltada, porque é, na verdade, uma vergonha para o Prefeito de Porto
Alegre não ter asfaltado a Silva Jardim, todas as ruazinhas são asfaltadas,
menos a Silva Jardim, por que? A Silva Jardim precisa ser asfaltada, as ruas
todas precisam ser asfaltadas, nós queremos que as ruas sejam asfaltadas. Primeira
questão! Acontece que o critério para se asfaltar uma rua e não a outra, para
nós, não é “o Vereador tal conhece essa rua, tem lá os seus apoiadores, ou tem
lá os apoiadores do Prefeito”. Isso é da política antiga, Vereador! Eu lhe
respeito. Isso não é diabólico, isso é democrático.
Essa é representativa, essa
é a única política que existe. Não existe a política participativa, é uma
invenção das oposições. Eu sou um representante do povo.
A
SRA. MARIA DO ROSÁRIO:
Nós reconhecemos a sua representatividade mas nós, como Administração Popular,
sonhamos e colocamos em prática uma inversão das relações, das relações
políticas, num processo que é pedagógico, num processo que é educativo e que
garante cidadania a toda a população de Porto Alegre, que diz que nós estamos
aqui votando o orçamento, que a nossa opinião é fundamental, mas que os
moradores desta Cidade sabem o que é prioritário. Qual é a rua por que passa o
ônibus. Qual é a rua que tem mais dificuldades. Qual é a rua que sofre mais.
Qual é a rua em que moram mais pessoas. Qual é a rua onde é mais urgente, hoje,
passar o asfaltamento. Qual é a comunidade que precisa de uma escola primeiro
do que a outra. Qual é a comunidade que precisa mais de um posto de saúde.
Permita-me, Ver. Pedro
Américo Leal, no pouco tempo que me resta, levantar questões que V. Exa. trouxe
a esse debate, de forma corajosa. De fato, queremos inverter a lógica da
política, nós não queremos mais a política tradicional. É bom para o Vereador
que participa do processo do Orçamento Participativo. Como Vereadora, quero
dizer a V. Exas. que boa parte dos meus projetos, das proposições, da leitura
que faço da sociedade, dos debates que trago para V. Exas., colho justamente
dessa opinião direta, organizada e independente que, dentro do Orçamento
Participativo, fazemos valer. O Orçamento Participativo, Senhores, Senhoras,
não é uma brincadeira! A cada ano este plano de investimentos, feito pela
comunidade, aprovado também pela Câmara de Vereadores, discutido aqui dentro,
também é trabalhado e apresentado. Neste plano de investimento todo o
porto-alegrense pode ver aqui. DEMHAB - estou abrindo aqui, aleatoriamente,
Condomínio Renascer, quanto de recurso? Para a Chácara da Fumaça, quanto? Chega
no final do ano, foi feito isso ou não foi feito? A população confere, a
população sabe, a população fiscaliza, outros governos não fazem isso. Outros governos não fazem isso. Isso é
uma determinação ideológica. Isso, de fato, não é um plano diabólico, como diz
o Ver. Pedro Américo Leal, mas é a possibilidade de que o povo de Porto Alegre
saiba onde os recursos públicos são colocados. Vejo alguns Vereadores
impacientes para que eu conclua o meu pronunciamento. Foram quinze minutos,
assim como foi para os demais Vereadores. Mas o fato, Srs. e Sras. Vereadores,
é que em Porto Alegre pratica-se a democracia, sabemos como são utilizados os
recursos públicos, e temos um enorme orgulho desta nossa Cidade. Muito
obrigada.
(Não revisto
pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: O
próximo orador inscrito em Pauta Especial é o Ver. Fernando Záchia. Ausente. O
próximo é o Ver. Isaac Ainhorn. Ausente.
Tem a palavra o Ver. Gerson
Almeida. S. Exa. é o último orador inscrito. A Mesa entende que os Srs.
Vereadores, eventualmente, podem se enganar. O Ver. José Valdir se inscreveu na
Pauta Ordinária, por engano, mas a Mesa não tem como corrigir.
O Ver. Gerson Almeida está
com a palavra para discutir a Pauta Especial.
O
SR. GERSON ALMEIDA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. Quero deixar claro que, de minha parte, não há
qualquer impedimento para a fala do Ver. José Valdir, que estava na fila, e
todos são testemunhas disso, mas inscreveu-se no período errado. Acho que seria
justo, legítimo, que assim procedêssemos com o Ver. José Valdir.
Na verdade, quando me
inscrevi em Pauta Especial, imaginava, inclusive, que, em função de ter-me
inscrito em sexto lugar, talvez não pudesse ter oportunidade de ocupar esse
espaço.
Então, quero deixar claro,
Ver. José Valdir, que esse tempo que eu tenho V. Exa. pode usufruir em termos
de apartes de quantos minutos achar adequado, já que se preparou e estava no
momento adequado, por isso, acho que é justo que o faça.
Na Sessão passada, já me
inscrevi em Pauta Especial para realçar um aspecto da questão da LDO: ela
representa este ano, não só uma obrigação formal e legal e que precisa ser
realizada todos os anos, mas ganhou um conteúdo e um significado diferente por,
exatamente, já definir uma ampliação da participação popular na construção de
um controle público cada vez maior na cidade de Porto Alegre.
Se a peça orçamentária antes
de vir para a Câmara de Vereadores de Porto Alegre já era ampla, massiva e
democraticamente discutida com as comunidades, agora, 8, 9, 10 anos depois do
advento do Orçamento Participativo, é a LDO que, exatamente, sendo um passo anterior
à peça orçamentária, define as diretrizes que o orçamento depois vai ter que
seguir, e essa mesma LDO começa, já, a ser ampla e democraticamente discutida
com a comunidade. Isso, então, significa um passo a mais nesse controle social
sobre o Estado, que está em curso em Porto Alegre, e tem demonstrado na
prática, concretamente, que é uma forma muito mais correta, muito mais
eficiente para a Administração Pública. Tanto que o orçamento da Prefeitura
Municipal de Porto Alegre que é, naturalmente, um cobertor curto para o número
de demandas que foram e vêm se agravando, a cada tempo, com o empobrecimento do
País, com a recessão econômica, com a crise social que vivemos, fruto de
políticas econômicas bem determinadas - pois, mesmo que o orçamento municipal
seja sempre muito aquém dessas demandas, dessas exigências, a verdade é que
cada centavo, cada real das finanças públicas, quando tem a participação
efetiva e não apenas formal ou cartorial da população organizada, rende muito
mais, em termos de qualidade de vida, em termos de melhoria das condições de
vida da Cidade de Porto Alegre.
Acho que este é o grande
momento, talvez, o grande responsável pela forma adequada, a meu juízo, que tem
sido conduzida a Administração Pública nesses anos. Não que haja uma
subordinação do Estado, ou do Prefeito, ou da municipalidade para com as
regiões do orçamento e, muito menos, que haja uma subordinação do movimento
social organizado para com o Estado. Ao contrário, há um conflito muito forte,
um conflito de interesses legítimos, os mais variados, que se manifestam na
Cidade.
No entanto, mesmo que haja
conflitos e seja uma construção que está muito longe de ser calma - exatamente,
porque não entendemos que a construção social, a construção coletiva tenha que
ter a calma de um poço - a construção social se constrói com qualidade e
definição, a partir do respeito das partes onde os conflitos tenham canais
democráticos para se resolver. Isso já é de domínio público e cada vez se
afirma mais.
No entanto, quero chamar a
atenção para um aspecto que, recentemente se tornou, não só ponto da Lei de
Diretrizes Orçamentárias, mas da agenda política no nosso Estado e na nossa
Cidade. Nós temos tido um debate muito profícuo na Cidade de Porto Alegre, pelo
menos há dez anos, em relação ao Orçamento Participativo, à participação
popular, à relação do Estado com a sociedade. E há companheiros, há várias
personalidades públicas que têm feito uma crítica dura ao Orçamento
Participativo que vai, desde que é uma manipulação, que é uma forma de
estabelecermos uma relação de manipulação com o movimento popular, ou que não é
tão relevante assim, porque é uma pequena parcela que participa das
assembléias, das plenárias e das reuniões.
Quero dizer que são duas
críticas que considero legítimas, com as quais tenho uma divergência muito
forte.
Em primeiro lugar, porque é
inimaginável se pensar em participação popular permanente, rica e que cresce
cada vez mais, se houver de parte de um dos agentes, no caso, o Estado, uma
manipulação nessa participação.
Nós sabemos que as pessoas
não participam de uma forma permanente e cotidiana de situações e de
organizações quando se sentem manipuladas. E, portanto, a força que o Orçamento
ganhou nesses dez anos e que, a cada ano, agrega mais segmentos sociais em sua
ação, ela por si só é a resposta firme e forte contra esse tipo de compreensão.
O
Sr. Pedro Américo Leal:
V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu pergunto a V. Exa. se
um Vereador qualquer não pode manifestar uma sugestão ao Exmo. Sr. Prefeito.
Eu, por exemplo, sou um Vereador, tenho uma noção da Cidade, apresento uma
sugestão, acho que ela é viável, é uma contribuição, mas o Prefeito me diz, por
escrito ou verbalmente: “Dirija-se aos representantes do Orçamento
Participativo”.
Não é possível, isto é uma
forma completamente errada de administrar. Eu acho graça, porque o Orçamento
Participativo, para mim, é uma piada no que diz respeito à Câmara. Não cabe,
quer dizer: onde é que está o Vereador? Com que coeficiente eu entro? Eu tenho
que ter um coeficiente, se eu sou um dos 33 cidadãos que a Cidade escolheu para
representá-la, como é que posso ficar inerte, completamente incapaz de dar uma
sugestão? Porque o Prefeito manda eu me dirigir ao Orçamento Participativo, do
qual não tomo conhecimento. Ele pode até existir, mas não tenho nenhuma
simpatia por ele.
O
SR. GERSON ALMEIDA: Ver.
Pedro Américo Leal, quero lhe dizer que reconheço V. Exa. como uma dessa
lideranças políticas que tem uma posição firmada contra o Orçamento
Participativo e a tem expresso com honestidade, singular inclusive.
Agora, quero dizer que, como
Vereador, não me sinto, e acho que V. Exa. também não deveria se sentir alijado
disso, porque as plenárias são amplamente convocadas. V. Exa. pode, como
qualquer outro cidadão também, e com a sua influência, que é maior do que a de
muitos cidadãos particularmente, V. Exa. pode disputar de uma forma bastante
ampla, democrática, lisa, nas plenárias regionais, as prioridades na
organização da Cidade no que toca ao investimento público. Agora, a sua
prerrogativa e a prerrogativa de qualquer parlamentar em nenhum momento é
atacada ou diminuída; ao contrário, acho que um debate que nós temos que fazer,
Ver. Pedro Américo Leal, em Porto Alegre, numa Cidade que há três gestões tem
consagrado, e vai aprofundar a participação e controle popular sobre as
instâncias de Estado, é exatamente qual o papel de uma Câmara de Vereadores
numa sociedade ou numa Cidade amplamente democratizada e democrática. Parece-me
que nós vamos chegar a uma conclusão: não que o parlamento tenha que ser
diminuído ou tenha que ser substituído, mas que o parlamento precisa realçar a
sua importância pública, se qualificar para poder conviver, inclusive, poder
realizar uma construção de cidade, que nós queremos cada vez melhor, com
debates e com proposições muito mais, não digo qualificadas, porque todos os
debates aqui são qualificados naturalmente, todas as discussões são
importantes. Precisamos fazer com que o Parlamento de uma Cidade ampla e
radicalmente democrática seja um elemento de construção estratégica das grandes
linhas mestras de definição do futuro, da forma como vão viver as pessoas
dentro da Cidade. Talvez esse seja o grande debate que estamos fazendo,
exatamente, porque diferentemente de outras cidade, em Porto Alegre a
participação popular, não só através do Orçamento Participativo, mas em todas
as áreas de construção e definição de políticas, tem crescido, e nós não
devemos nos assustar com isso, Vereador. Eu sei que V. Exa. não se assusta. Nós
não devemos enfrentar isso, nós devemos é estimular, porque o nosso papel de
Vereadores, de parlamentares, fica engrandecido dentro de uma cidade com
participação ativa, decidida, consciente e não diminuída. Agora, o que muda é a
relação do parlamentar com a coisa pública, porque nós deixamos de ser gerentes
ou intermediários de luxo de obras e de financiamento de recursos que são de
toda a sociedade. Nós, talvez tenhamos que mudar o nosso papel, essencialmente
no que toca a esta questão especialmente.
O
Sr. Pedro Américo Leal:
V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, o Orçamento
Participativo pertence ao Prefeito, eu não tenho nada que ver com ele. Porque
chamo de “plano diabólico”? Porque o Prefeito se desvencilhou dos Vereadores,
num artifício de cálculo. Matematicamente, ele fez um artifício de cálculo. Eu
não tomo conhecimento do Orçamento Participativo! Para mim, ele é do Prefeito!
Agora, eu quero ter o poder da sugestão, e eu não tenho. Por isso é que é um
orçamento diabólico. Como é que eu vou para uma reunião? Com que coeficiente eu
entro? Mas eu sou um eleito, e ninguém me tira esse direito!
O
SR. GERSON ALMEIDA: V.
Exa. é um dos responsáveis pela construção de um abrigo para bombeiros aqui, no
coração da Cidade. Uma sugestão feita, acatada e encaminhada, ou seja, nosso
papel não é, em nenhum momento, diminuído. Eu tenho ouvido intervenções como a
sua, que claramente expõe sua contrariedade ao Orçamento Participativo, agora,
tenho ouvido críticas de que é diabólico - nos seus termos - e várias outras
críticas. No entanto, o que me chama a atenção é que não ouvi, ainda, nenhum
dos Vereadores que têm feito críticas sistemáticas e contumazes ao Orçamento
Participativo, virem aqui, fazerem uma autocrítica ou criticarem o Governo do
Estado por ter aprovado, há alguns dias, na Assembléia Legislativa, um Projeto
que, como toda cópia, é malfeito - toda cópia não tem a potência do original -
e que tenta apenas, como é próprio do Governo do Estado, fazer a política do
faz-de-conta, do parecer ser, com uma campanha massiva de que, agora também, o
Orçamento do Rio Grande do Sul é democrático. No entanto, ao invés de 100% do
Orçamento para investimentos, como é em Porto Alegre - 100% é definido pela
população organizada -, no Estado do Rio Grande do Sul, é 50%. Ao invés de 18,
17, 16%, que é o que o Município investe todos os anos do seu Orçamento, serão
100 milhões de reais que a população do Rio Grande do Sul vai, não decidir de
forma direta, organizada, com discussão articulada e participação direta, mas vai
ser um processo de consulta eleitoral em que apenas vinte obras vão poder ser
arroladas como prioridade. E veja, Vereador, que às duas dezenas de CORED,
caberá cinco milhões para cada um. Veja, todo um CORED, que reúne várias
dezenas de cidades, vai poder decidir sobre cinco milhões de reais. Isso sim é
uma peça fictícia, porque, a rigor, não tem participação popular.
Nos últimos seis meses, no
apagar das luzes de um governo que fez orgia com as finanças públicas, que deu
quase quinhentos milhões de reais para duas multinacionais, que fez o que quis
com o orçamento e que amanhã quer fazer um leilão de privatização da CRT, esse
mesmo governo quer dizer que é democrático, fazendo, no arremedo, o Orçamento
Participativo.
Eu gostaria de trazer este
ponto para a discussão para ver o que mudou. Se todo o mundo aderiu ao
Orçamento Participativo, ótimo! Que maravilha! Muito bom! É uma conquista
democrática. Agora, manter a crítica ao Orçamento Participativo em Porto
Alegre, que é liso, justo, com 100% de participação popular, e defender o
orçamento que o Governo fez, convenhamos, é uma contradição fantástica, ou um
silêncio, uma omissão, que não são dignos do bom debate. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Apregoamos
as Emendas nº 10 e 11 ao PLE nº 017/98, ambas firmadas pela Vera. Clênia
Maranhão.
O Ver. João Dib está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. JOÃO DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, hoje o Partido dos Trabalhadores realizou o seu
sonho. Reclamava sempre que não tinha tempo para debater, na Pauta Especial, a
Lei de Diretrizes Orçamentárias. É que eles tinham sempre a inscrição de três
Vereadores contra um quarto Vereador que não era do PT. Hoje, os quatro
oradores eram do PT e, então, aproveitaram e não debateram nada. Apenas fizeram
grandes conversações, autopromoções e nada mais do que isso.
Por exemplo, a Lei de
Diretrizes Orçamentárias, no seu artigo 13, diz que “a admissão de servidores
na Administração Pública Municipal será efetivada conforme o que dispõe o art.
19 da Lei Orgânica Municipal”. É claro que eles não falaram nas
cartas-contrato. O Diário Oficial de hoje traz cinco cartas-contrato. Esse
artigo que foi lido agora também estava na Lei de Diretrizes Orçamentárias do
ano passado. É claro que eles não falaram em publicidade e não falariam também.
E eu gostaria de ter a oportunidade, na Pauta Especial, de falar em
publicidade. Por exemplo, fizeram uma licitação para o “Cidade Viva” no valor
de 330 mil reais e marcaram para o dia 17, ou seja, depois de amanhã, a
abertura da licitação. E a pessoa procurou um contato com a Prefeitura e foi
informada de que a licitação ocorreu no dia 12, que a do dia 17 não haveria. E
disseram: “Foi um equívoco apenas, um engano. Isso acontece sempre”. Trezentos
e trinta mil reais para alguém de uma cooperativa dirigida por alguém que já
pertenceu à imprensa da Prefeitura.
Essas coisas, evidentemente,
não podem ser comentadas na Pauta Especial, porque o PT tomou todos os tempos.
Até a nobre Senhora Líder do PT disse, aqui, que aquele caderno do Orçamento
Participativo foi aprovado nesta Câmara. Não por mim. E nós todos sabemos - e
ninguém contestou - que 48% das obras listadas no Orçamento Participativo para
97 não foram sequer iniciadas. E a maior parte das 52% restantes estão
concluídas. E vêm aqui todos e dizem que a Prefeitura perdeu com a Lei Kandir.
Mas, a lei Kandir perderia no ICMs, que estava previsto em 132 milhões e a
Prefeitura arrecadou 131. A Lei Kandir estava no Fundo de Participação dos Municípios,
e a Prefeitura arrecadou mais do que o previsto. E este ano perguntei, aqui,
para um Vereador do PT o que significava, na execução orçamentária da
Prefeitura, a receita da Lei Kandir e a receita do FUNDEFE, mas ele disse que
explicaria outro dia, porque tinha que dar outras explicações. É por isso que
eles querem ficar os quatro tempos sozinhos, para dizer das grandes realizações
do Partido dos Trabalhadores. Aliás, para eles, a Prefeitura começou, mesmo,
quando eles chegaram à Prefeitura; até então, não havia administração, era uma
desorganização total. É por isso que eles não querem debater com aqueles que
podem fazer perguntas; aqueles que podem dizer que examinaram a execução
orçamentária do ano passado e verificaram que suplementações foram feitas à
conta de excesso de arrecadação, na forma da Lei 4320, e esse excesso de
arrecadação não se realizou nunca. Eu pensava que era um fato novo, mas - e
hoje fiz o relatório sobre as contas da Prefeitura de 1995 - nem temos as
contas de 1994 do Tribunal de Contas. É claro que das de 1994 talvez esteja lá
o edifício comprado sem autorização legislativa e sem a autorização do
Orçamento Participativo; talvez esteja lá aquela compra do Jardim Leopoldina,
pelo dobro do preço, sem autorização do Orçamento Participativo e sem
autorização do Conselho Deliberativo do DEMHAB.
Essas coisas não podem ser
debatidas por mais de um partido diferente na Pauta Especial. Quatro tempos é
muito pouco tempo para poder explicar aqueles dados que são levantados aqui,
através de números. Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. GERSON ALMEIDA (Requerimento): Sr.
Presidente, já conversei com alguns Vereadores e quero fazer um Requerimento,
já que hoje, às 16h30min, vários partidos e o movimento sociais estão convocando
para um Ato Público contra a privatização da Companhia Rio-Grandense de
Telecomunicação, a CRT, cujo leilão está marcado para amanhã. Quero solicitar
que seja estabelecida uma comissão de Vereadores que representem esta Casa, que
já se manifestou, várias vezes, contrária a esse processo. De antemão,
coloco-me entre esses Vereadores que terão a honra de representar a Casa nesse
Ato Público.
O
SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro):
Esta Mesa, enquanto este Vereador estiver na Presidência dos trabalhos, irá
deferir a representação quando V. Exa informar os nomes dos Vereadores que irão
comparecer ao Ato Público. Pediria que V. Exa fizesse contato com as demais
Bancadas e as informasse de que seja uma representação qualificada, plural, mas
que mantenha os trabalhos legislativos desta Casa.
O
SR. GERSON ALMEIDA: Eu
agradeço, mas sugeriria, se for conveniente, que seja consultado o Plenário
para ver quais os Vereadores que se disporiam a fazer parte dessa comitiva, já
que eu, de antemão, já me manifestei favoravelmente.
O
SR. PRESIDENTE: Eu
mantenho o meu posicionamento inicial. Se, por acaso, houver apenas a sua
representação, nós iremos deferi-la, mas seria importante que outros Vereadores
também comparecessem.
O
SR. JOSÉ VALDIR (Requerimento):
Diante da afirmação do Ver. João Dib, de que o PT tomou conta de todos os
tempos para debater a LDO, eu gostaria que V. Exa., na condição de Presidente,
esclarecesse que as inscrições são feitas de acordo com o Regimento. Ninguém
toma o tempo de ninguém, e o PT estava aqui, cedo, para se inscrever como prova
de que quer debater a LDO.
O
SR. PRESIDENTE: O
Requerimento do Ver. José Valdir, no que tange aos membros deste Parlamento,
seria desnecessário. Por óbvio, toda a inscrição em Pauta e nas diversas etapas
da Sessão Legislativa obedecem às regras do Regimento da Casa. No caso da Pauta
Especial e da Pauta comum, são os Vereadores, que após verificado o quórum,
aqui comparecem, de forma espontânea, para se inscreverem.
Passamos à
1ª
SESSÃO
PROC.
1243/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 051/98, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja,
que autoriza o Poder Executivo Municipal a implantar uma ciclovia no Parque
Marinha do Brasil, a completar o circuito para os ciclistas e pedestres, a ampliar
o sistema de iluminação e dá outras providências.
PROC.
1758/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 081/98, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que
inclui a Festa de São Jorge no Calendário de Eventos Oficiais de Porto Alegre.
PROC.
1766/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 083/98, de autoria da Mesa Diretora, que inclui o
Festival “Troféu Açores da Canção Gaúcha” no Calendário de Comemorações da
Semana da Porto Alegre.
PROC.
1777/98 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 025/98, de autoria do Ver. Paulo Brum, que concede o título
honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Daniel Tevah.
PROC.
1778/98 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 026/98, de autoria do Ver. João Motta, que concede o Prêmio de
Cidadania e Direitos Humanos Herbert de Souza ao Deputado Estadual Marcos
Rolim.
PROC.
1810/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 084/98, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que
denomina Rua José de Abreu Fraga um logradouro público localizado no Bairro
Restinga.
PROC.
1498/98 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 024/98, de autoria do Ver. Anamaria Negroni, que concede o título
honorífico de Cidadão Emérito ao Dr. Moacir Milton Zaduchliver.
2ª
SESSÃO
PROC.
1651/98 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 009/98, de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, que
acrescenta dispositivos à Lei Complementar nº 395, de 15 de abril de 1997, que
institui o Código Municipal de Saúde do Município de Porto Alegre e dá outras
providências.
PROC.
1675/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 078/98, de autoria do Ver. Hélio Corbellini,
que denomina Travessa Alda Vargas Graciolli um logradouro irregular localizado
na Vila Maria da Conceição, no Bairro Partenon.
PROC.
1718/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 080/98, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que
denomina Rua Professor José Alberto Barbosa Opitz um logradouro público. Com Emenda nº 01.
3ª
SESSÃO
PROC.
1230/97 - SUBSTITUTIVO Nº 01, de
autoria do Ver. Guilherme Barbosa, ao
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 060/97, de autoria do Ver. Reginaldo
Pujol, que institui o Prêmio Urbanista da Metrópole e dá outras providências.
PROC.
1493/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 067/98, de autoria da Vera. Anamaria Negroni,
que proíbe a comercialização do brinquedo “Triops” no Município de Porto
Alegre.
PROC.
1596/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 075/98, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que denomina Rua Ana Maria Franco Zardin um logradouro irregular localizado no
Bairro Rubem Berta. Com Emenda nº 01.
PROC.
1638/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 076/98, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que
institui, oficialmente, a árvore como símbolo ecológico de Porto Alegre.
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. Ver. Guilherme
Barbosa. Desiste. Vera. Maria do Rosário. Ausente. Ver. José Valdir. Desiste.
Ver. Isaac Ainhorn. Desiste. O Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra para
discutir. Cinco minutos com V. Exa. São permitidos apartes.
O
SR. NEREU D’ÁVILA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, eu desejo discutir o Processo nº 1651 - PLCL nº
009/98, de autoria deste Vereador, que no “espelho” pode confundir alguns
Vereadores que não se ativerem à exatidão do que está escrito. (Lê): “que
acrescenta dispositivos à Lei Complementar nº 395, de 15 de abril de 1997, que
institui o Código Municipal de Saúde do Município de Porto Alegre e dá outras
providências.” Isso dá a impressão de que este Projeto de Lei ou este Vereador
está instituindo o Código de Saúde. Não, de maneira alguma. Estamos apenas
tentando modificar para melhor alguns dos dispositivos do Código que, em regra
geral, é excelente e, em alguns aspectos, é inovador. Ele é recente, de 15 de
abril de 97; portanto, completou um ano.
O que nós queremos modificar
neste Código Municipal de Saúde, numa determinada parte, oitava seção, que
dispõe sobre higiene, criação de animais e controle de zoonoses, simplificando,
trata de doenças e outras questões referentes a cães, ou outros animais.
Estamos procurando aperfeiçoar uma lei, feita nesta Casa, de autoria do
ex-Vereador Giovani Gregol, com o objetivo de melhorá-la. Recordo uma notícia
nacional, muito comentada por várias revistas durante uma semana, pela revista
“Veja”, “Isto É”, foi capa do “Jornal do Brasil”, sobre um cão, da raça “Pit
bull”, no bairro Copacabana, no Rio de Janeiro, que fugindo das mãos do seu
condutor, esse cão de nome Sadã (nome até bastante sugestivo), acabou mordendo
cinco pessoas, deixando três hospitalizadas. Houve uma discussão nacional a
respeito da raça “Pit bull” e outras raças consideradas agressivas. Numa dessas
revistas houve o comentário a respeito de cinco raças agressivas, onde está
incluído a raça “Pit bull”, cachorro de briga, como galo de rinha, consta que
ele é para lutar até com touros, cachorro que morre na briga, e outras cinco
que seriam raças mais dóceis, como por exemplo o “poodle”. Vimos muitas falhas
na Lei do Ver. Giovani Gregol, então agregamos propostas, que estão em
tramitação, e verificamos que no Código Municipal de Saúde também havia algumas
falhas. É exatamente o que estou discutindo. Nós alteramos o Código Municipal
da Saúde, inclusive em debates que houve, o próprio representante da Secretaria
Municipal da Saúde concordou conosco que ele poderia ser aperfeiçoado para um
melhor entendimento. Então colocamos que o parágrafo único do art. 142, deve
ficar da seguinte maneira: “Os cães mordedores e bravios somente poderão
freqüentar locais públicos de grande aglomeração, usando focinheiras”. O melhor
remédio para todas as coisas é prevenir para não remediar. Então antes que
aconteça em Porto Alegre, onde está aumentando o número de cães junto às
famílias - nós também gostamos de cães -, temos de ter leis protetoras dos
animais e da população. Fiquei espantado ao ver o número de pessoas que levam
cães, inclusive da raça dobermann, aos domingos, ao Brique da Redenção. Temos
de observar esses casos para não acontecer aqui o que ocorreu no Rio de
janeiro, espero que nunca aconteça. Temos de legislar em favor da proteção do
próprio animal, e que a autoridade tenha uma verticalidade na ação imediata
para a proteção das pessoas e principalmente das crianças. Voltarei ao tema
devido a sua importância. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O
próximo Vereador inscrito em Pauta é o Ver. Carlos Garcia. Ausente. Ver.
Reginaldo Pujol. Ausente. Ver. Clovis Ilgenfritz. Ausente. O Ver. Cyro Martini
está com a palavra.
O
SR. CYRO MARTINI: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, o Projeto apresentado pelo digno Ver. Nereu
D’Ávila nos chama a atenção não pelo propósito diretamente buscado, através do
que ele propõe, mas, sim, em razão da motivação da existência entre nós de um
número elevado de cães.
Há cães de toda sorte, cães
pequenos são enfeites nos apartamentos, mas há cães que são gigantescos, que
são umas feras.
Nós percorremos uma empresa
que tem um pátio no qual a guarda é feita por mais de um cachorro. Nas casas
residenciais, também.
Na casa que a minha filha
está construindo, na Rua Nero José da Silva Filho, ao lado da casa, em
construção, do primo da Vera. Maristela Maffei, naquela rua também existem cães
enormes protegendo as residências. Esses cachorros são umas feras. Se alguém
colocar os pés no pátio se dará mal. E muito mal. Houve casos de morte de
crianças que saltaram o muro, buscando bolas, no Menino Deus e em outros
bairros de Porto Alegre.
Por que este cachorro? Por
uma razão muito simples: o Governo do Estado não oferece à população de Porto
Alegre, do Rio Grande do Sul, segurança que satisfaça. O serviço de segurança
oferecido pelo Governador Britto são serviços que deixam a desejar
espantosamente. E ficamos mais espantados e surpresos quando lemos que, agora,
transferindo a segurança do universo da proteção da integridade física enquanto
agressão de um nível pura e simplesmente penal, para outro também penal, mas
conhecido mais como trânsito. Ficamos surpresos ao abrir a “Zero Hora” de hoje
e ler que agora os problemas do trânsito estão resolvidos. Isso que está
escrito nos jornais, principalmente, nos fins de semana é alguma ilusão de
ótica. Aqueles registros de que morreram pessoas no trânsito rodoviário e citadino
do Estado não devem ser verdade porque agora o trânsito mudou. Hoje, está
escrito na “Zero Hora”, página inteira. Se isso não fosse uma bazófia, não sei
qual o adjetivo aplicar, demagogia, engodo, qual o adjetivo classificaria esse
tipo de coisa? Se fosse apenas isso, até poderíamos achar graça da palhaçada e
deixar de lado. Não me ocorre um adjetivo oportuno e adequado. Mas o mais grave
é o que está nas entrelinhas, quando diz que agora o DETRAN realmente vai
selecionar motoristas à altura do nosso trânsito. Ele está sendo agressivo e
está injuriando toda uma classe do Estado do Rio Grande do Sul que fez demais
em um cantinho pobre lá no Palácio da Polícia, e o Governo Britto vem agora
injuriar novamente. Eles que resolvam o problema da segurança, do trânsito e
não fiquem fazendo propaganda enganosa. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Gerson Almeida faz um Requerimento, tendo em vista o ato do Comitê pela
Cidadania que está sendo realizado, hoje, na Assembléia Legislativa, organizado
por várias entidades do movimento social deste Estado, para que fosse feita uma
representação, pela importância do ato, da Câmara de Vereadores. Este
Presidente solicitou ao Ver. Gerson Almeida que conversasse com as Lideranças
para que houvesse um consenso entre Vereadores para esta representação .O Ver.
Gerson Almeida representará a Bancada do Partido dos Trabalhadores, portanto,
não posso designar mais do que um Vereador pela Bancada. Como ele foi o
primeiro quem requereu, estou usando este critério. Indago às demais Lideranças
se há mais alguém interessado em que sua Bancada seja representada nesse
evento?
O
SR. JOÃO DIB: Sr.
Presidente, para que a Câmara seja representada, o Plenário deve votar a
representação. Eu não votei.
O
SR. PRESIDENTE: Ver.
João Dib, pelo que esta Presidência tem conhecimento do Regimento Interno
quando há ônus há essa obrigatoriedade. Mas, posso consultar, para sua
tranqüilidade, a Diretoria Legislativa.
O
SR. JOÃO DIB: Não, Sr.
Presidente, para que haja representação da Câmara, ou seja, falar em nome da
Câmara, é preciso que a Câmara vote. Não é o mesmo caso quando alguém vai fazer
um palestra ou vai fazer uma participação qualquer sem ônus.
O
SR. PRESIDENTE: Ver.
João Dib, já que V. Exa. insiste, vou consultar a Diretora Legislativa, Dra.
Inês, para que nos esclareça a questão. Vou ler para V. Exa. o que dispõe
parágrafo IV, do artigo 218.
(Lê.)
“Parágrafo 4º. O Presidente
poderá designar Vereador ou Vereadores para representar a Câmara em eventos
especiais ou em missão especial, havendo necessidade de aprovação do Plenário
quando a representação importar ônus adicionais ao erário,...”
Não é o caso e V. Exa. pode
consultar o Regimento.
O
SR. JOÃO DIB: Nobre
Presidente, eu conheço o parágrafo 4º, do artigo 218, mas aqui se trata de
colocar uma posição da Câmara. Não é um evento em que se vai participar de um
jantar, um almoço. Nós vamos colocar a posição da Câmara. Caso a Câmara esteja
representada, estará dando amém ao que está acontecendo. Não é a mesma coisa,
pois não é um evento simples.
A
SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Esclarecimento): Nós queremos reforçar o Requerimento que foi feito pelo Ver.
Gerson Almeida, e, inclusive, no sentido de que outras Bancadas possam designar
representação. A Câmara Municipal de Porto Alegre tem opinião sobre essa
questão. Assim como nos posicionamos contrariamente à privatização do
Meridional, também já aprovamos moção contrária à privatização da CRT. Acho que
a posição da Casa já foi definida pelo Plenário.
O
SR. PRESIDENTE: Srs.
Vereadores, está absolutamente garantido no Regimento Interno a representação.
Se outro Vereador de outra Bancada desejar comparecer estamos, também,
concedendo essa representação.
O
SR. ANTONIO HOHLFELDT (Esclarecimento): Sr. Presidente, lido o parágrafo do Regimento cabe à
Presidência fazer o encaminhamento devido. Deixo, apenas, registrado que esta
Liderança não se sentirá representada e nem presente, por motivo óbvio, por ter
posições absolutamente diferenciadas do Partido dos Trabalhadores.
O
SR. PRESIDENTE: Agradeço
ao Ver. Antonio Hohlfeldt e, por óbvio, esclarece, de vez, esta questão.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL (Esclarecimento): Sr. Presidente eu acho que uma representação de Bancada, não
poderá ser uma representação da Câmara, porque a Câmara tem que se pronunciar,
através dos Líderes de Bancada, para que ela seja, ao todo, representada.
O
SR. PRESIDENTE: Ver.
Pedro Américo Leal, o evento de hoje é de grande repercussão, de grande
profundidade e consistência no debate político deste Estado. Esta Presidência
não está cerceando, de forma alguma, que qualquer Vereador de outra Bancada vá,
também, fazer representação. Na ausência de outros Vereadores interessados na
representação vai apenas o Ver. Gerson Almeida. Mas o Ver. Antonio Hohlfeldt já
fez a manifestação no que tange ao seu entendimento em relação à sua Bancada.
Ver. João Dib, V. Exa. sabe o carinho que tenho por V. Exa., mas não posso me
perpetuar nesse diálogo porque a Sessão tem que andar, temos muito trabalho,
então esta Presidência está deferindo a representação ao Ver. Gerson Almeida
que, a partir deste momento, pode-se dirigir ao Parlamento Gaúcho em
representação.
O
SR. JOÃO DIB (Esclarecimento):
Sr. Presidente, eu queria deixar claro, como fez o Ver. Antonio Hohlfeldt, que
a Bancada do Partido Progressista Brasileiro não estará representada.
O
SR. PRESIDENTE : A Vera.
Maria do Rosário está com a palavra para fazer uma Comunicação de Líder.
A
SRA. MARIA DO ROSÁRIO:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores e Vereadoras, oportuno o debate que aqui
estamos travando acerca da representação da Casa e das Bancadas. Porque a
ninguém é dado o direito da omissão frente ao que é feito hoje, aos destinos
que são dados ao patrimônio público do País e ao patrimônio público do Estado.
O patrimônio público não pertence a este ou àquele governo. Construído por
gerações, uma após a outra, construído pela contribuição de trabalhadores e
trabalhadoras, dos funcionários públicos, construído a partir da contribuição
dos impostos dentro deste Estado, vemos hoje uma tentativa para que a CRT,
assim como todo o sistema TELEBRÁS,
seja colocado fora verdadeiramente pelo Governo Estadual e pelo Governo
Federal. Nós nos sentimos representados, queremos estar representados. Esta
Câmara Municipal tem larga trajetória na defesa do patrimônio público, tem
larga trajetória no debate acerca dos efeitos que o neoliberalismo impõe a
países como o nosso, que sofrem assim como o Brasil, a Argentina, a América
Latina toda os danosos efeitos dos processos de privatização que estão pautados
pela dúvida, que têm a marca da dúvida de uma certeza de que nós estamos sendo
dilapidados na nossa possibilidade de planejarmos um futuro, independentemente
de, nos dias de hoje, ainda, podermos gerenciar o nosso próprio destino
diferentemente daquilo que prevêem os grande grupos econômicos internacionais e
as grandes nações que mandam e desmandam nesse planeta, através de organismos
internacionais, como o Banco Interamericano, o Banco Mundial e o Fundo
Monetário Internacional.
No Brasil, o apogeu do
chamado projeto neoliberal, dificilmente se instalará, porque, para fazer
barreira, para fazer frente a esse projeto, questionando as responsabilidades
que ele tem, questionando as conseqüências sociais que ele tem no dia-a-dia,
com uma população que está desempregada, que é vilipendiada, que é torturada
pelas conseqüências desse projeto, existem, hoje, homens e mulheres que se
colocam de frente, contrariamente, tentando construir um projeto de outra
natureza, que fala em desenvolvimento, sim, mas que sabem que o desenvolvimento
não pode esquecer a nossa base econômica, que não pode estar de costas para a
história do nosso desenvolvimento econômico. Portanto, precisamos, Srs.
Vereadores, obviamente, quando falamos em telecomunicações, ser soberanos frente
a isso. Não se faz nada nos dias de hoje sem tecnologia. Não se faz nada nos
dias de hoje sem telecomunicações. O que se quer controlar neste Estado e neste
País, privatizando o Sistema TELEBRÁS
por meia dúzia de tostões, privatizando a CRT por meia dúzia de tostões, sem
dúvida que é o destino do Rio Grande e controlar o destino econômico do próprio
Brasil.
Portanto, queremos ter
representação. Nós avaliamos que a Câmara precisa dizer presente, que os nossos
debates, firmes debates, fortes debates, de conteúdos políticos e ideológicos
que temos nesta Casa, marcam para a responsabilidade que temos como Câmara da
Capital do Estado do Rio Grande do Sul, no sentido de que o nosso Estado possa
ter, sim, um modelo de desenvolvimento que seja viável a partir da
independência de determinadas áreas que são estratégicas como a área energética
e a área de telecomunicações.
Nós nos colocamos
frontalmente contrários a esse leilão da CRT. Avaliamos que a Assembléia
Legislativa decidiu por essa possibilidade de leilão em última hora, em
convocação extraordinária. Mais do que isso, o Governo Britto rasga a
Constituição Estadual. Não está de acordo com a Constituição Estadual entregar
completamente o controle acionário da CRT para empresas estrangeiras e privadas
que não tem nenhum compromisso com o desenvolvimento da telefonia e de toda a
rede de telecomunicações de acordo com o interesse do desenvolvimento
sustentado do nosso Estado, de um desenvolvimento que venha, de fato, trazer
alegria e bem-estar para o conjunto da população, diferentemente do que diz a
propaganda oficial, diferentemente do que nos apresentam através das redes de
televisão e de rádio, das grandes redes de televisão deste Estado e que,
inclusive, são beneficiadas, neste momento, com esse leilão, porque abocanham
grande fatia da própria CRT. A nossa população faz a leitura crítica desse
processo e nós sabemos por que, na véspera de um processo eleitoral, às
vésperas da eleição, o Governo Brito tem pressa em colocar a CRT nas mãos do
grupos privados, de grandes empresas transacionais. O Lula teve a coragem de
dizer a todos os brasileiros que, na verdade, esse processo de privatização
da TELEBRÁS está marcado sim pela
dúvida do que se quer se fazer com os recursos da TELEBRÁS, que são meia dúzia de tostões frente ao que vale essa
empresa e que são meia dúzia de tostões frente ao que vale um investimento
público. O Governo Brito mente descaradamente quando diz que os recursos vem
para a área social, somente 1% dos recursos das privatizações vieram para a área
social, mas mais de 75 milhões foram aplicados na GM e na FORD. Vejam os
senhores se não é o caso de termos representação, uma Câmara que nunca se
omitiu.
Portanto, Srs. Vereadores,
nós queremos saudar a iniciativa do nosso colega Gerson Almeida e dizer que a
Câmara, através de todas as Bancadas, tem que se fazer presente. Muito
obrigada.
(Não revisto
pelo oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: A Mesa
declarada empossada a Suplente Ver. Maristela Maffei, em substituição ao Ver.
Antônio Losada, em licença de tratamento de saúde, nos termos regimentais. A
Vera. Maristela Maffei integrará a Comissão de Urbanização, Transporte e
Habitação.
O Ver. Nereu D’Ávila está
com a palavra em Comunicação de Líder.
O
SR. NEREU D’ÁVILA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. Eu me refiro aqui a algo que considero muito
importante e que penso que possa parar até nas barras da justiça. No programa
do “Canal 2”, sexta-feira, 12 de junho, o Presidente do SIMPA, Sr. César
Pureza, na frente do Ver. Isaac Ainhorn, que, naquele momento, desconhecia o
assunto e, portanto, sofreu constrangimento, disse que, por culpa do Líder do
PDT - este Vereador - que não havia indicado Vereador da Bancada para a
Comissão Especial do dissídio, requerida pelo Ver. João Dib para acompanhar e
participar das tratativas de dissídio coletivo dos funcionários dos Poderes
Executivo e Legislativo, e, por isso, a comissão não havia sido instalada. Não
é nada contra V. Exa., Ver. João Dib, é com relação ao Sr. César Pureza, que
mentiu, é mentiroso, porque está aqui o processo e ele pode ser passível da
acusação por crime de calúnia. Vou estudar para ver se entro na Justiça. De
outra feita, ele veio distribuir papelzinho aqui, também com posição equivocada
naquilo que ele distribuiu, usando nomes de Vereadores, como nesse caso. Agora,
publicamente, ele fez essa assertiva, com testemunhas de toda ordem, inclusive,
com o testemunho do Ver. Isaac Ainhorn. Sexta-feira, quando ele disse isso, era
dia 12 de junho, e aqui está a minha indicação do nome do Ver. Pedro Ruas em 29
de maio. No dia 2 de junho foi lavrada a ata de instalação, assinada pelo Ver.
João Dib. Então, dez dias depois ele vai à televisão e comete um crime de
calúnia contra este Vereador. É claro que este Vereador fica muito mal perante
a opinião pública, porque tinha responsabilidade pela indicação do PDT e foi
acusado de não tê-la feito, impedindo que a Comissão do dissídio se instalasse.
Seria muita irresponsabilidade deste Vereador. E mais, para V. Exa. ter uma
idéia, a nobre Líder do PT, Vera. Maria do Rosário, indicou os Vereadores
Gerson Almeida, Adeli Sell e Renato Guimarães em 21 de maio, e este Vereador,
uma semana depois, indicou o componente que o PDT, como Bancada tem direito,
que foi o Ver. Pedro Ruas. Então, essas questões não são assim: ficou para lá,
diz-que-diz-que. Não! Está aqui a minha assinatura, dia 29 de maio, então, ele
mentiu! O César Pureza é mentiroso e eu estou estudando a possibilidade de
processá-lo por crime de calúnia. Calúnia é, segundo o Código Penal, divulgar
notícia não-verdadeira onde se incrimina alguém, no caso, este Vereador. Então
eu estou tirando xerox, vou mandar um ofício ao “Canal 2”. O Ver. Isaac
Ainhorn, que tem espaço no “Canal 2”, irá também se manifestar, porque foi
constrangido, ele não sabia e não é obrigado a saber de todas as indicações que
os Líderes desta Casa fazem para tantas comissões que esta Casa tem. Agora, é
uma irresponsabilidade muito grande, um líder de classe se referir assim a um
Vereador sério, e a Cidade sabe, eu não preciso e não faço auto-elogio, não
trago aquilo que não é a pura realidade. Então eu fico indignado, porque sou
muito responsável, nestas questões com relação a terceiros. Sem saber a
verdade, eu jamais iria à imprensa, ainda mais em um canal de televisão com uma
audiência enorme, cometer tamanha irresponsabilidade. Então está aqui o cidadão
César Pureza, com dez dias de atraso, porque no dia dois foi a instalação da
Comissão, está aqui, o Ver. João Dib assinou, no dia dois, a ata de instalação
e eu indiquei o Ver. Pedro Ruas no dia vinte e nove de maio - o Ver. Pedro Ruas
está presente - aí, no dia doze de junho o Sr. César Pureza vai à televisão
dizer que não tinha sido instalada a Comissão do Dissídio - vejam a
irresponsabilidade -, porque o Ver. Líder do PDT não tinha indicado o componente.
Mas isso é uma barbaridade! Eu, concluindo, vou proceder com o mínimo de
dignidade que se impõe. Vou oficializar a Televisão Guaíba da escandalosa
mentira do Sr. César Pureza, da inverdade, vou pedir ao Ver. Isaac Ainhorn que
ele desminta, lá, porque ele foi constrangido com a citação do seu Líder,
porque ele não estava informado. Estou estudando a possibilidade de adentrar em
juízo com o crime de calúnia, porque as pessoas que têm liderança e têm
representação, como o Sr. César Pureza, não podem continuar cometendo
irresponsabilidades, principalmente com relação a pessoas sérias que fazem as
suas competências e atribuições com seriedade e, perdoem-me a imodéstia, é o
caso deste Vereador. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Para
um requerimento, tem a palavra o Ver. Renato Guimarães.
O
SR. RENATO GUIMARÃES (Requerimento):
Pessoas que nos acompanham nesta Sessão estão pedindo informações sobre do que
se trata este cartaz colado aqui na parede do Plenário escrito “Jaburu”.
Cheguei bem cedo para a Sessão e havia aqui um conjunto de cartazes e adesivos
ainda colados, que foram retirados, mas faltou apenas esse. Pelas informações
que obtive, houve ontem aqui uma Convenção do PSDB, e certamente “Jaburu” deve
ser algum candidato. Solicito que o cartaz seja retirado.
O
SR. PRESIDENTE: Vamos
providenciar, nobre Vereador. No período de Pauta tem a palavra o Ver. Antonio
Hohlfeldt.
O
SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. Em primeiro lugar quero agradecer à Presidência
pelo encaminhamento da questão levantada pelo nobre Ver. Renato Guimarães, e
dizer que vou transmitir ao nosso companheiro “Jaburu” o apoio que recebeu
neste Plenário do Ver. Renato Guimarães, ainda mais com a televisão aqui na
Câmara evidentemente o “Jaburu” vai gostar muito desta promoção.
Quero aqui me ocupar de dois
Projetos de Lei que estão entrando em primeira sessão hoje nesta Casa. O
primeiro é o Projeto 1243/98, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja, que
“autoriza o Poder Executivo Municipal a implantar ciclovia no Parque Marinha do
Brasil e completar o circuito para ciclistas e pedestres, ampliando o sistema
de iluminação, e dá outras providências”.
O Ver. Jocelin Azambuja, já
no outro mandato, tem brigado, tem lutado, tem perseguido insistentemente a
questão das ciclovias na Cidade. Infelizmente o Ver. Jocelin Azambuja, como não
é da situação, nem é aliado da situação, tem encontrado uma resistência
permanente, por parte da Prefeitura, na implantação das ciclovias, que aparecem
sempre mencionadas como um dos itens da LDO (Lei das Diretrizes Orçamentárias)
mas que, como tantas outras coisas da Administração Popular, ficam no papel,
ficam na previsão de intenções, na propaganda, no marketing dos programas de rádio e televisão, mas jamais se
concretizam.
Eu quero registrar, uma vez
mais, como tenho feito em todas as vezes, que a ciclovia é uma instituição que
existe, hoje, em qualquer capital do mundo e qualquer grande cidade. Curitiba
tem, hoje, uma extensão enorme de ciclovias. Historicamente, o Rio de Janeiro
tem uma imensa ciclovia aplicada a toda área de beira-mar que começa,
praticamente, no centro da cidade, no Museu de Arte Moderna, e percorre até os
bairros da Zona Sul.
Mas Porto Alegre, a
Administração Popular, aquela trabalha com os bairros e ouve a população
organizada, teima em não implantar ciclovias, porque são defendidas por um
Vereador de oposição.
Então a ciclovia fica ruim,
parece que cola na bicicleta e no proprietário da bicicleta a pecha de alguma
coisa negativa para a cidade.
Curiosamente, um dia desses,
uma grande companheira e amiga, que continua filiada ao PT, telefonava-me
indignada, porque, andando de bicicleta, com mais duas amigas, pelas ruas desta
cidade, vindo pela Av. Ipiranga para entrar na Av. Borges de Medeiros foram,
praticamente, atropeladas por um táxi. Informou-me o prefixo do táxi, e eu fiz
um Pedido de Providência para a SMT, e perguntava-me porque não havia ciclovias
nesta cidade. E eu lhe dizia: “refaça essa pergunta ao Prefeito Raul Pont, que é
do seu partido”. Não faz, porque o Prefeito Olívio Dutra não quis fazer, o
Prefeito Tarso Genro não quis fazer e que o Prefeito Raul Pont, até agora, não
quis fazer. É bem simples. Quem sabe teremos que esperar a próxima eleição
municipal, que vai trocar o partido, não termos mais a Administração Popular,
para conseguirmos implantar as ciclovias?!
Outro Projeto, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, é um Projeto que eu quero encaminhar depois com
uma Questão de Ordem à Mesa Diretora, com a qual teremos, na quarta-feira,
reunião, é o Projeto nº 1778/98 - Projeto de Resolução nº 26/98 de autoria do
Ver. João Motta que concede Prêmio de Cidadania e Direitos Humanos Herbert de
Souza ao Deputado Estadual Marcos Rolim.
Em primeiro lugar eu quero
dizer que lamento pelo Ver. João Motta, que é um Vereador pelo qual eu tenho
não só respeito, mas amizade, e lamento pelo Dep. Marcos Rolim. Certamente, o
Dep. Marcos Rolim não precisa deste expediente para aparecer e se promover,
pois ele tem qualidade superior a isso.
Agora, um Projeto, em ano
eleitoral, neste período, de um Vereador do PT homenageando um Deputado do PT
que é candidato, evidentemente, só pode ser ação entre amigos. Só pode ser uma
maneira e um encaminhamento, pura e simplesmente eleitoreiro. Parece-me que há
um certo acordo, nesta Casa, de muitos anos, porque, em ano eleitoral, nós não
fazemos esse tipo de Projeto, nem de títulos de cidadão, nem de títulos de
premiação desse tipo.
Quero deixar esse registro
aqui, este primeiro registro, Sr. Presidente, quero levar essa questão à Mesa,
antes que o processo progrida. E lamento, realmente, que tenhamos que enfrentar
uma situação dessas, principalmente, pelo Ver. João Motta que, talvez,
inadvertidamente, deixou progredir esse processo e, pelo Deputado Marcos Rolim,
por tudo que tem feito pelos direitos humanos, não merece ser colocado em uma
situação de constrangimento como esta que vamos ter que enfrentar aqui na Casa.
Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): A
Vera. Anamaria Negroni está com a palavra para discutir a Pauta.
A
SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, Cidadãos e Cidadãs de Porto
Alegre.
Venho a esta tribuna dizer
com muita alegria, com muita satisfação e, até diria, com muita honra, que
propus a esta Casa o título de Cidadão Emérito ao Dr. Moacir Milton
Zaduchliver, cujo Projeto de Resolução corre Pauta, em primeira Sessão, nesta
Casa, no dia de hoje.
Não vou-me estender a falar,
nesta Sessão, sobre a pessoa maravilhosa que é o Dr. Zaduchliver, porque espero
fazê-lo em uma outra oportunidade, pois, ele, sem dúvida nenhuma, é um digno
representante de Porto Alegre. Tanto é que os 33 Vereadores desta Casa
subscreveram favoravelmente esse título.
Então, somente isso basta
para dizer o que o Dr. Zaduchliver tem feito por nossa Cidade e, realmente,
sinto-me honrada em ter sido a propositora dessa homenagem. . O outro Projeto
que corre Pauta nesta Casa, em terceira Sessão, de autoria, também, desta
Vereadora é o Projeto a respeito da proibição e comercialização do brinquedo,
entre aspas, chamado Tryops. Esse brinquedo é um crustáceo, que assim foi
importado, como diz a Empresa Brinquedos Estrelas, de forma legal. E realmente,
se levarmos em consideração como foi importado, ele realmente foi importado de
forma legal, porque ele foi importado em forma de brinquedo. Mas, na realidade,
não se trata de um brinquedo, mas trata-se de um crustáceo que deveria ter
passado, não pelo Ministério, que examina se serão ou não comercializados no Brasil,
ele deveria ter passado é pelo IBAMA . E assim chegaram ao Brasil trinta mil
unidades desse bichinho, que é um crustáceo, tipo um camarãozinho, que é
vendido em forma de ovos. Esses ovos se reproduzem com uma facilidade tremenda,
e são uma verdadeira praga. É conhecido nos Estados Unidos, inclusive, como a
praga do arroz. Na realidade ele quebra a cadeia biológica do sistema
brasileiro. Além disso, foi descoberto pelas pesquisadoras da Universidade que,
além disso, eles trazem com eles outros animais, são portadores de
animalzinhos, (vírus, fungos, bactérias) com a identificação totalmente
desconhecida pelo meio científico nacional. Na realidade, esse produto não pode
ser comercializado. Foram comercializadas, Ver. Nereu D’Ávila, mil e quinhentas
unidades aqui em Porto Alegre. Nós queremos dizer aos pais que compraram esses
bichinhos, que não joguem pelo ralo, não o coloquem, por favor, dentro do WC ,
não dêem descarga no momento em que as crianças se cansarem desse brinquedo.
Nesse caso, nós solicitaríamos
que entregassem esses bichinhos para o Departamento de Zoologia da UFRGS - Av.
Paulo da Gama, s/nº, para estudos. Muito obrigada.
(Não revisto
pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores...
O
Sr. Nereu D’Ávila: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Agradeço a sua gentileza,
Ver. Cláudio Sebenelo, pois a nobre Vera. Anamaria Negroni não pôde me conceder
o aparte, porque terminou o seu tempo.
Só para me solidarizar com o
Projeto da nobre Vereadora porque, efetivamente, o animal ao qual ela se
referiu é um predador, é prejudicial sob o ponto de vista científico e de todas
as outras formas, portanto, até sob o ponto de vista da publicidade, que ela
está dando, é importantíssima a sua iniciativa.
Agradeço ao Ver. Cláudio
Sebenelo a gentileza em ter me concedido este aparte após a presença da
Vereadora na tribuna. Mas, de qualquer modo, fica o registro que é importante
que se faça, porque a Câmara precisa chamar a atenção exatamente para esse tipo
de prejuízo que a nobre Vereadora enfocou.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: O
Vereador pode ficar certo de que enriqueceu o nosso debate aqui. Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, eu gostaria de ocupar o espaço da Pauta para me
congratular com os componentes da Mesa Diretora pela iniciativa da inclusão do
festival “Troféu Açores da Canção Gaúcha” no calendário de comemoração da
Semana de Porto Alegre.
Talvez, o monumento mais bonito que tenha nesta cidade seja o do
escultor Carlos Tenius, aqui na Av. Perimetral, bem pertinho daqui. É um
monumento em ferro que, com a intempérie, fica extremamente oxidado e mais
bonito por isso, em que, com o formato de um grande barco, um conjunto de seres
humanos aponta para a frente, para o céu e para o futuro, numa abstração
inesquecível do genial Tenius, que nos brinda com essa obra e nos mostra um
pouco das nossas raízes e das minhas raízes pessoais, pois as pessoas que moram
hoje nas ilhas dos Açores têm exatamente os mesmos sobrenomes das pessoas que
moram em Porto Alegre, que moram na nossa costa doce, que moram na Cidade de
Torres e que chegaram, primeiramente, numa antiga cidade chamada Desterro e que
hoje conhecemos como a linda Florianópolis.
Esses aventureiros açorianos
trouxeram junto com seus barcos, com a sua cultura, com o seu rico folclore, a
esperança de um novo país, de uma gente que iria impulsionar, promover o
desenvolvimento desses dois estados do Sul, o que começou, indiscutivelmente,
com os portugueses lá na margem esquerda do Prata, brigando com os espanhóis
por essas planícies infinitas da Colônia do Sacramento e depois do Rio Grande
do Sul.
Eu vejo, com alegria e com
extrema satisfação, essa iniciativa de trazer o folclore açoriano, sincretizado
com o folclore gaúcho, para a nossa festa anual do aniversário de Porto Alegre.
Eu quero me referir a todo um processo tradicional em que se misturam as
músicas gaúchas a essa tradição fantástica que os açorianos nos trouxeram na
música, através do canto “A Nau Catarineta”, do seu “Terno de Reis”, que em
todo o mês de dezembro e os primeiros dez dias de janeiro é cantado em prosa e
verso. Essa magnífica cultura açoriana que é nossa raiz, que homenageamos com
muita propriedade.
Gostaria de transmitir aos
componentes da Mesa os meus cumprimentos pela magnífica iniciativa. Muito
obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a
palavra o Ver. Hélio Corbellini em Comunicação de Líder.
O
SR. HÉLIO CORBELLINI:
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, hoje em Plenário já falamos em muitos
assuntos extremamente importantes. Por exemplo: a privatização da CRT; questões
outras legítimas que os Vereadores que nos antecederam falaram.
Queremos falar e comunicar a
esta Casa algo que acontece nesta aldeia: hoje, mais um taxista foi assassinado
com três tiros; na sexta-feira, de madrugada, outro taxista foi assassinado,
também a tiros; na semana retrasada, o mendigo Plínio faleceu; e para que não
se abatam os Vereadores, e este Vereador não sinta nenhum sentimento de
impotência diante da realidade do cotidiano da vida, porque, certamente o
motorista Neri, o motorista Valter, o Plínio, e essas trinta crianças que hoje
dormem na Confeitaria Rocco nunca ouviram falar da globalização, do sistema
neoliberal. E nós que entendemos esse processo, que entendemos a perversidade
da vida, às vezes, nos abatemos. No caso dos taxistas - e é isso que quero
comunicar aos Srs. Vereadores - nós entramos, hoje, junto à Mesa Diretora,
pedindo urgência ao Projeto nº 028/98, de autoria do Ver. Elói Guimarães, com o
seu Substitutivo nº 01, onde autoriza aos taxistas a colocarem propaganda sobre
o teto dos táxis para que esses recursos sejam investidos no sistema de
monitoramento de satélites para a proteção de sua vida.
Quando se fala em
privatização da CRT e do Sistema ELETROBRÁS, estamos falando em bilhões de
reais.
O que não compreendemos é
que o cidadão comum, o que presta serviços para toda a população, continue
sendo assassinado, e não foram só esses dois casos, nos últimos dias morreram
mais dois outros no interior no Estado. Eles, por iniciativa própria, buscam
junto ao Poder Executivo uma solução para o caso deles, já que a sociedade não
está protegendo as suas vidas. Quantos já foram mortos neste primeiro semestre?
Quem tem isso em lembrança? Nós já fizemos audiência pública, já negociamos com
o Executivo, já entramos com um Substitutivo e ainda os caminhos da burocracia
estão imperando e estão travando. Por essa razão, e para que não venha,
novamente, a ocorrer um infortúnio desses, nós estamos solicitando o art. 81
para esse Projeto.
Nós pedimos para que todos
os partidos o aprovem. É lógico que esse Substitutivo que virá - e esperamos
que venha até sexta-feira para votação - terá a necessidade de alguns ajustes
que estamos dispostos a negociar, tanto com a categoria como também com o Poder
Municipal, mas que se aprove e que se dê a oportunidade a essa categoria de
conquistar, com o seu próprio esforço, um sistema de proteção às suas vidas,
porque não queremos mais vir aqui lamentar mais mortes de taxistas. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: A Vera.
Clênia Maranhão está com a palavra para fazer uma Comunicação de Líder.
A
SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, estamos vivendo um momento em que a
maioria dos partidos já realizaram ou estão em fase preparatória das suas
convenções estaduais. Neste momento se discute a nominata de candidatos e se
retoma uma discussão construída pelo Movimento de Mulheres que deságua na
discussão da área parlamentar, envolvendo a legislação conquistada pelo
Movimento de Mulheres - desde a campanha passada as prefeituras e agora ao
Congresso Nacional - no que diz respeito a uma parcela de candidatura de homens
e uma parcela de candidaturas femininas. Aquilo que normalmente intitulamos
“Lei das Cotas”. É a legislação que definiu que todos os partidos deverão
colocar 75% dos candidatos de um sexo e 25% de candidatos do outro sexo. Essa
discussão retoma, neste momento em que as convenções discutem suas nominatas, e
tem sido divulgado na imprensa, a dificuldade de formação nas diversas
nominatas dos partidos de um contingente que complete essa cota, como uma
legislação que não tem validade prática.
Quero dizer às Sras. e aos
Srs. Vereadores que acredito ser importante retomarmos essa discussão, porque
as eleições passadas nos mostraram que a Lei das Cotas, na prática, foi
fundamental para o aumento do percentual de mulheres Vereadoras no nosso País.
O fato de os partidos terem que discutir no seu período de pré-convenção, nas
suas convenções, as suas nominatas, discutindo a Lei das Cotas, já é por si só
um fato importante, que incentiva a participação das mulheres na luta
parlamentar, na disputa política eleitoral. Porém a maioria dos partidos não
tem tido a capacidade de construir em sua nominata os 25% possíveis, definidos
na Legislação Eleitoral. O fato de neste momento ainda não conseguirmos
completar essa nominata não é motivo para que nós não consideremos relevante a
existência da Lei das Quotas no nosso País. Em todos os países onde se
estabeleceu uma quota de mulheres na nominata geral dos partidos, o número de
mulheres candidatas na prática se elevou. É claro que não é suficiente apenas a
definição de uma lei, é preciso também que avancemos na construção de
mecanismos dentro dos partidos e na própria sociedade para que as mulheres
possam, readequando as suas atividades, priorizar a sua ação política a ação
parlamentar e enfrentar, inclusive, a disputa eleitoral. Porém esse é um
processo, um processo mais lento talvez do que nós gostaríamos que fosse, mas a
legislação é a base necessária para avançarmos nessa direção. Em alguns países,
como os Estados Unidos, por exemplo, o próprio Partido Democrata criou uma
fundação especial que trabalha a questão da construção de fundos das campanhas
femininas, porque esse tem sido o item que tem dificultado muito a participação
das mulheres no processo de disputa política na área parlamentar. Porém, eu
acredito que outros fatos no Brasil têm sido obstáculos concretos ao
crescimento da participação das mulheres na disputa política parlamentar. A
nossa sociedade ainda é tremendamente antiquada, arcaica, do ponto de vista da
estrutura que garanta a oportunidade de igualdade para homens e mulheres. As
mulheres, na verdade, disputam o espaço político em condições de desvantagem,
porque ainda são as mulheres as principais responsáveis pelas tarefas do âmbito
doméstico. Ainda são as mulheres as principais responsáveis pelos cuidados das
crianças, pelos cuidados dos idosos. E no mercado de trabalho não conquistaram,
apesar de termos conquistado 45% da representação na mão-de-obra, não
conseguimos ainda a representação equânime do ponto de vista salarial, do ponto
de vista das condições financeiras. Para concluir, Sr. Presidente, o Brasil
vive este momento, uma conquista importante que foi a Lei da Quotas, um
crescimento efetivo da participação das mulheres na representação nas Câmara de
Vereadores, e um processo de discussão, que faz a sociedade para que criemos
mecanismos e incentivos de criação de estruturas concretas para que as mulheres
possam também disputar as eleições. Talvez neste momento ainda não consigamos
completar a quota de 25%, mas é uma base fundamental, para que nas próximas
eleições essa quota seja preenchida e as mulheres e os homens possam ocupar, de
uma forma mais igualitária, o poder parlamentar. Muito obrigada.
(Não revisto
pelo oradora.)
O
SR. PEDRO RUAS (Requerimento): Sr.
Presidente, requeiro que após o pronunciamento do Ver. Antonio Hohlfeldt seja
feita a verificação de quórum.
O
SR. PRESIDENTE: Está
deferido o seu Requerimento.
O Ver. Antonio Hohlfeldt
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, sem retornar à questão já definida pela Mesa em
relação à Sessão que vai ter lugar daqui a pouco na Assembléia Legislativa e
sem entrar no mérito da questão, quero apenas me referir ao pronunciamento da
Liderança do PT, aqui, deixando registrado que tudo aquilo que o Partido dos
Trabalhadores tenha dúvida em relação ao leilão que irá se realizar, em nível
nacional e, por conseqüência, da mesma forma, o leilão da CRT, tem uma resposta
muito clara do Sr. Ministro das Telecomunicações, o Sr. Mendonça de Barros. Ele
desafiou o PT para que indique técnicos para conversar com o seu Ministério
para acompanhar o leilão.
Quero ver a resposta que o
PT dará, porque acusar e atacar é uma coisa; agora, participar com os técnicos
e conseguir, efetivamente, do ponto de vista de cálculos, de dados técnicos,
contestar, é outra. Esta é a posição séria, a outra é a posição eleitoreira. À
posição eleitoreira, o Presidente da República soube dar a resposta entrando
com duas representações contra o Lula. Uma em nível do Tribunal Eleitoral e a
outra em nível que compete, por calúnia e difamação, porque parece que o Lula
andou ligeiro demais na linha e terá que responder por isto.
Temos que fazer algumas
diferenças fundamentais na disputa política partidária e eleitoral e,
sobretudo, não colocar em risco os processos nacionais. Para a Liderança do PT,
o Governador Britto tem pressa; para nós, que somos do Governo Federal e
Estadual, o que o Presidente e o Governador fazem é exatamente seguir o
cronograma previsto. E a Lei é muito clara, até o dia 30 de junho cabe fazer
esse tipo de encaminhamento, e estão sendo feitos. O mesmo ritmo que utiliza o
Governo Federal e o Estadual, são os mesmos ritmos que utiliza o Governo
Municipal.
Agora, se como alega a
Liderança do PT existem mentiras deslavadas, mas essas devem ser provadas, correndo
o risco da desclassificação das denúncias, como tanto gosta de fazer a Vera.
Maria do Rosário em relação às questões que eu trago a este Plenário, quero,
mais uma vez, trazer questões devidamente documentadas a este Plenário para
serem desclassificadas. Refiro-me à deslavada mentira que está no Correio do
Povo de hoje, e que se pode atribuir ao Superintendente de Regularização
Fundiária e ação comunitária (um belo título): o companheiro Carlos Pestana
Neto diz que a remoção da Vila Mirim começa em março do próximo ano. É o tipo
de implantação de notícia, só para dar notícia, em época eleitoral é bom
implantar notícia. Mais do que isso, vou repetir, é uma deslavada mentira,
porque o material fotográfico que temos aqui, em relação a Vila Mirim e o seu reassentamento
na Chácara da Fumaça, próximo a FAPA, evidencia, não apenas crime de
responsabilidade pela atual direção do DEMHAB, Ver. João Verle, quanto
representa, inclusive, desvio e perda de verba pública repassada pelo Governo
Federal. A documentação nos mostra que o assentamento da Vila Mirim na Chácara
da Fumaça, quadra 167, construção de 200 módulos sanitários com prazo de 120
dias, e que foi encaminhado pelo então Diretor do DEMHAB Hélio Corbellini, foi
absolutamente abandonado pela Administração Rauber, e agora vem sendo retomada,
às portas da eleição, pela Administração João Verle, só que a situação em que
se encontram os módulos, que receberam valores do Governo Federal através do
Brasil em Ação, do Projeto Brasil nosso Teto, verba repassada pela Caixa
Econômica Federal é de uma situação lamentável: vidros quebrados, telhados
roubados, portas arrombadas, ou seja, para a desclassificação que eu espero que
a Vera. Maria do Rosário faça nos próximos dias, quero colocar material
fotográfico à disposição, e os telespectadores poderiam ter os “closes” dessas
imagens para dizer que a responsabilidade do Município em relação a perda de
verbas repassadas pelo Governo Federal é fundamental. Da minha parte, vou fazer
essa representação, porque me parece que essa responsabilidade da Administração
Popular deve ser apurada, é muito dinheiro, e pior, dinheiro que cria problemas
de endividamento do DEMHAB junto à Caixa e ao Governo Federal, dinheiro que
pode gerar impossibilidade de repasse de verbas do Governo Federal ao Governo
Municipal, portanto, deve responder a direção do DEMHAB por essa perda de
dinheiro, e deve responder a Direção do DEMHAB por essa deslavada mentira para
ficar com a expressão da Vera. Maria do Rosário. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Há
um Requerimento do Ver. Pedro Ruas para que seja feita a verificação de quórum,
mas, visualmente, constatamos a ausência do quórum mínimo para a continuidade
dos trabalhos.
O
SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, verifico que há doze Vereadores em Plenário.
O
SR. PRESIDENTE : V. Exa.
tem razão. Realmente, há quórum.
O Ver. Reginaldo Pujol está
com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, registro inclusive a presença do Ver. Isaac
Ainhorn aqui. Sei que S. Exa. foi chamado ao Plenário pelo pronunciamento do
Ver. Antonio Hohlfeldt. Lamento, sinceramente, não ver nenhum membro do Partido
dos Trabalhadores presente no Plenário, nesta hora, porque, indiscutivelmente,
nós temos uma denúncia seríssima, comprovada com documentos fartos, que mostram
claramente que a série de pronunciamentos que nós vimos fazendo desta tribuna a
respeito do engodo que se faz com a comunidade porto-alegrense acerca da
pseudo-ação do Governo Municipal.
O
SR. PRESIDENTE: Ver.
Reginaldo Pujol, nós suspendemos por alguns segundos, o pronunciamento de V.
Exa., porque queremos homenagear o Ver. Isaac Ainhorn que, hoje, está de
aniversário e precisa se retirar do Plenário. Solicitamos que V. Exa., na
tribuna, homenageie o Ver. Isaac Ainhorn, 2º. Vice-Presidente da Casa.
(Palmas.)
O
SR. REGINALDO PUJOL: Eu
fico muito grato por estar na tribuna no momento em que se faz o registro da
presença do Ver. Isaac Ainhorn, hoje aniversariante. Gostaríamos, Ver. Isaac
Ainhorn, nesta hora, de falar de assuntos muito mais alegres aos ouvidos de V.
Exa. do que dessas mazelas que vive a comunidade de Porto Alegre, especialmente
os chamados excluídos, que são cada vez mais excluídos em função da inércia e,
sobretudo, da absoluta ausência de providências no sentido de ser amenizada a
grave situação que vive a população carente da Cidade de Porto Alegre,
especialmente no que diz respeito à habitação popular.
As fotografias que comprovam
as afirmações feitas pelo Ver. Antonio Hohlfeldt se inserem num conjunto de
situações que são deslumbradas em todos os recantos da Cidade de Porto Alegre,
onde se verifica, Ver. João Dib, que a situação relativamente sob controle que
V. Exa. legou aos seus sucessores, com o DEMHAB em plena atividade, criando,
ano após ano, alternativas habitacionais nos mais diferentes campos, quer seja
na construção de apartamentos populares, na construção de novos loteamentos, na
oferta de lotes urbanizados, na recuperação e urbanização de áreas entrosadas e
na regularização de vilas que haviam sido lançadas pelo Poder Público, ainda na
década de 50, todo aquele clima que propiciou que V. Exa. pudesse, como
Prefeito da Cidade, passar a legalização de lotes para um infindável número de
famílias desta Cidade, esse clima não existe mais. A Vera. Clênia Maranhão, que
me honra com a sua atenção nesta hora e que é uma mulher combativa, muito
sensível às coisas da população carente desta Cidade, sabe, melhor do que
ninguém, que essas afirmações são expressões fidedignas da verdade, sabe
quantas pessoas nos procuram nos gabinetes, desesperadas e são informadas, de
forma oficial, de que não existem alternativas para conseguir um equacionamento
de um processo de falta de habitação, que não seja a solução muito usual por
parte daqueles que vivem do problema e que morrem com a solução, isto é, que
vão invadir outra área qualquer e, depois, passados alguns anos, vem um
Governador de Estado, Dr. Antônio Britto, que, sensibilizado, faz com que problemas
como o do Jardim Leopoldina tenha a sua participação direta na equação com o
subsidiamento de parcelas das prestações que são exigidas daquelas pessoas para
a regularização de seus imóveis.
Lamento não ter a presença
dos amigos do PT. Vejo agora, aqui, o Ver. José Valdir, que sabe que o que
estou afirmando é verdade, o caos que se encontra a política habitacional do
Município. Não bastasse, em 97, ter sido alardeado, antes das eleições, pelo
prefeito Tarso Genro que aquele ano seria o ano da habitação; não bastasse esta
Câmara ter votado inúmeras autorizações de financiamento e de recursos
especiais para o DEMHAB e até mesmo a venda de imóveis do Município para
capitalizar o órgão da habitação, os números apontam para uma produção ínfima
de alternativas habitacionais, que é quase desprezível diante da grandiosidade
do problema e diante do crescimento desmesurado dessa situação.
Há poucos dias, eu
observava, na saída de Porto Alegre, uma enorme placa - e o PT não gosta das
placas do Governador Britto - sobre a Vila Tecnológica. Todas as pessoas que
chegam a Porto Alegre vêem a placa. Mas o que vêem atrás? Míseras subabitações,
e, há cinco anos, dizem que serão transformadas em residências adequadas para
aquela população carente. Passa ano, passam meses, há essa propaganda do
Orçamento Participativo - dizem que ele é milagroso, que resolve tudo, mas
habitação popular para a população carente de Porto Alegre não há, não existe,
falta, o PT não faz. E isso é um crime que se comete contra os excluídos da Cidade
de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE Antes de
encerrarmos esta Sessão, gostaríamos de esclarecer ao Ver. Reginaldo Pujol,
quando ele afirmou da tribuna que não havia nem um membro do Partido dos
Trabalhadores presente em Plenário, que este Vereador ainda pertence ao PT.
Não havendo quórum,
declaramos encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a
Sessão às 17h19min.)
* * * * *